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Ricardo Salles pode liderar Comissão de Meio Ambiente da Câmara

Ricardo Salles pode liderar Comissão de Meio Ambiente da Câmara
Crédito: José Cruz/ Agência Brasil

O ex-ministro e atual deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), que prometeu passar a “boiada” sobre as leis ambientais e é investigado por envolvimento em esquema de exportação ilegal de madeira, está cotado para assumir a presidência da Comissão de Meio Ambiente (CMADS) da Câmara dos Deputados.

Depois de perseguir servidores, esvaziar órgãos públicos e enfraquecer a fiscalização, o que fez o desmatamento e as queimadas baterem recorde no país, Salles pode controlar a tramitação das pautas ambientais na Câmara. Embora tenha negado assumir o cargo, o político é uma das principais apostas do PL, partido com o maior número de parlamentares no Congresso. Seu nome também já foi levantando para a Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo.

A legenda do ex-presidente Bolsonaro conta com 99 representantes na Câmara e 14 no Senado. A bancada antiambiental formada por PL, PP, Republicanos e União deve assumir os principais postos nas duas casas. A distribuição dos cargos definirá as pautas prioritárias e o ritmo das votações, o que será o maior desafio para a agenda climática e socioambiental nos próximos anos.

Levantamento do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) mostra que esses partidos, que tradicionalmente votam contra matérias ambientais, contam com quase a metade dos votos na Câmara e no Senado.

Polêmicas

Em entrevista ao UOL nesta quinta-feira (9/2), Ricardo Salles lamentou não ter conseguido passar a “boiada”, conforme sugeriu na fatídica reunião ministerial de abril de 2020. Na época, ele afirmou que a pandemia seria a oportunidade de “passar as reformas infralegais de desregulamentação e simplificação”, enquanto a imprensa estava “dando um pouco de alívio nos outros temas”.

Salles disse que sua fala foi distorcida, mas gostaria que tivesse se concretizado. “Minha fala na reunião ministerial, embora seja, por alguns, propositalmente manipulada, eu falei que todos os ministérios […] do Brasil precisam, e já passou da hora, de fazer um esforço muito grande de desburocratizar. […] Isso que quis dizer com passar boiada, e se tivesse acontecido, o Brasil estaria em situação muito melhor”, afirmou.

Sobre a crise humanitária que assola o território Yanomami, o deputado negou facilitação do governo Bolsonaro na invasão dos garimpeiros. Levantamento da Hutukara Associação Yanomami, feito a partir de imagens de satélite, mostrou que a atividade cresceu 54% só em 2022, devastando mais de 1,7 mil hectares na Terra Indígena.

Segundo o líder Yanomami Davi Kopenawa, entre 20 e 30 mil garimpeiros invadiram a Terra Indígena durante o governo Bolsonaro, o que fez proliferar as doenças, os casos de abusos, a violência e a morte. Mas, para Salles, a definição de genocídio parece “um pouco exagerada”.

“Acho que há, sim, um problema grave, acho que há um ataque desses criminosos, do crime organizado da região norte, e que são criminosos transnacionais […] “Agora, a definição jurídica do termo genocídio não me parece ser a mais adequada”, declarou.

#SallesNão

Petição para impedir a nomeação de Ricardo Salles e garantir a nomeação de um ambientalista para a presidência da CMADS já conta com milhares de assinaturas. Clique aqui para assinar.