Em 37 anos Brasil perdeu 13% da vegetação nativa
Entre 1985 e 2021, o Brasil perdeu 13% de sua vegetação nativa, entre florestas, savanas e outras formações não florestais. O valor corresponde a um terço da destruição ocorrida desde o descobrimento do país, em 1500. É o que mostra análise do projeto MapBiomas dos mapas anuais de cobertura e uso da terra do Brasil feita a partir de imagens de satélite.
Nos últimos 37 anos, o território coberto por vegetação nativa no Brasil passou de 76% para 66%. A área perdida foi ocupada pela agropecuária, que agora responde por um terço do uso da terra no Brasil.
Em todo o país, houve um acréscimo de 42,2 milhões de hectares de pastagem e 43,6 milhões de hectares de agricultura no período, o que representou um aumento de 39% da área de pastagem e 228% de agricultura.
“Apesar de 72% da área de expansão da agricultura ter ocorrido sobre terras já antropizadas, principalmente pastagens, é importante ressaltar que 28% da mudança para lavoura temporária se deu sobre desmatamento e conversão direta de vegetação nativa”, afirma Laerte Ferreira, professor da Universidade Federal de Goiás e coordenador da equipe de Mapeamento de Pastagem e do Grupo de Trabalho Solos do MapBiomas.
Segundo o levantamento, a conversão da vegetação nativa em plantações e pastagens foi mais intensa na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), Amacro (Acre, Amazonas e Rondônia) e no Pampa do Rio Grande do Sul.
O Matopiba compreende 56,2% da área de vegetação nativa perdida no Cerrado nos últimos 20 anos. Na Amacro, na região amazônica, a perda florestal foi de 22% na última década, contra 11% na década 2000-2010, enquanto o Pampa teve sua área de vegetação nativa reduzida de 61,3% para 46,3% em 37 anos.
Na Amazônia, a preservação das Terras Indígenas é uma das alternativas para conter a perda florestal. A análise indica que a perda de vegetação nativa em territórios indígenas foi de apenas 0,8% entre 1985 e 2021, contra 21,5% fora de áreas protegidas na Amazônia.
Pantanal mais seco
Além da vegetação nativa, o país perdeu grande superfície de água nos últimos 30 anos, cerca de 17%. A tendencia foi observada principalmente no Pantanal, que é influenciado pela variação da umidade gerada na evapotranspiração das árvores da Amazônia.
A escassez hídrica em uma região tão abundante em água está relacionada aos incêndios de grandes proporções e à seca, que é considerada a mais severa dos últimos 50 anos. Em 2020, o Pantanal teve 40 mil quilômetros quadrados consumidos pelas chamas, cerca de 30% de sua área, e pelo menos 17 milhões de animais vertebrados morreram queimados.
Dados do MapBiomas indicam que o Pantanal perdeu 29% da área coberta por água e campos alagados em três décadas. Na cheia de 1988/1989, a superfície de água era de 5,9 milhões de hectares (Mha). Em 2018, essa área diminuiu para 4,1 Mha e, em 2020, o volume foi de apenas 1,5 Mha, o menor número dos últimos 36 anos.
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