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Parque Estadual do Rio Doce sob ameaça: prefeitos querem reabrir estrada que o atravessa
Em reunião do Conselho Consultivo do Parque Estadual do Rio Doce (Perd), realizada no dia 12 de agosto, a Supervisora Regional do Instituto Estadual de Florestas (IEF) Adriana Spagnol, indignou conselheiros ao afirmar que a prefeitura de Marliéria poderia “limpar” a estrada que o atravessa sem licença ambiental, e que ela não é ameaça ao Parque quanto à caça e pesca. Afirmou ainda que o IEF está solicitando material e madeira a prefeitos da região e a empresa Cenibra para consertar a Ponte Queimada, no rio Doce.
Para a Amda e Fundação Relictos, a situação é alarmante, pois a estrada atravessa a região da Mata do Campolina, única área de mata primária do parque. “Trata-se de mais um fato demonstrativo de que o governo de Romeu Zema considera que as poucas unidades de conservação de Minas são “moedas políticas”. Abrir a estrada ao tráfego é sentença de morte para a fauna do parque. Incêndios, lixo, incentivo e facilidade a caçadores e pescadores, seriam impactos imediatos e irreversíveis”, diz Dalce Ricas, superintendente da Amda.
Há quase meio século, prefeitos e políticos da região ambicionam reabrir a estrada que liga os dois lados do rio Doce, pois isto encurtaria a distância entre Pingo D’Água, Bom Jesus do Galho e o Vale do Aço.
“Encurtar distância não pode ser, de forma alguma, argumento para reabertura da estrada. O Perd é muito mais valioso”, afirma o Eng. José Angelo Paganini, membro da Fundação Relictos e seu representante no conselho do Perd.
Para as entidades, a afirmativa da Supervisora do IEF, de que a estrada não ameaça o parque, mostra desconhecimento de sua importância e dos inúmeros exemplos, em todo o país, no nefasto papel que rodovias representam em relação à fauna, fogo, lixo e invasões. Além disso, pela lei 9985/2000 (Lei do Snuc), uma unidade de conservação está sujeita a normas e restrições específicas, contidas nos respectivos Planos de Manejo, sendo que no caso do Perd ele determina fechamento da estrada, para proteger o parque.
Em ofício à diretora geral do IEF, Amda e Relictos lembram que ela afirmou em reunião, que o único objetivo de consertar a Ponte Queimada é permitir tráfego de veículos do IEF para fiscalização e combate a incêndios. Nele, as entidades solicitam que seja elaborado projeto técnico de recuperação da ponte e da construção de guarita de controle, do qual conste que o tráfego na estrada será permitido somente para veículos oficiais do órgão, em serviço e ações de educação ambiental ou de desenvolvimento do turismo sustentável, mensurando para tanto, capacidade de carga e ações de mitigação de impactos à biodiversidade vegetal e animal da UC.
Solicitam ainda que o projeto seja aprovado pelo Conselho do Perd e pela Câmara de Proteção da Biodiversidade do Copam. Cópia do ofício foi enviada aos membros do conselho do Parque e da CPB; MP, Rede de Ongs da Mata Atlântica, Clayton Lino, presidente do Conselho da Reserva da Biosfera, Comissão de Meio Ambiente da ALMG, Dep. Celinho Sintrocel, Fundação Relictos, gerência do parque, PMMA e vereadores da região.