Pesca da piracatinga é proibida por mais um ano
O governo federal prorrogou em mais um ano, a proibição da pesca e comercialização da piracatinga, um tipo de bagre capturado com restos de botos e jacarés mortos. A renovação do prazo até julho de 2023 aconteceu logo após petição pela permanência da moratória reunir mais de 55 mil assinaturas.
A Portaria nº 1.082, da Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que entrou em vigor na última quarta-feira (23), tem como objetivo proteger o boto-cor-de-rosa (lnia geoffrensis), tucuxi (Sottalia fluviatillis), jacaretinga (Caiman crocodilus) e jacaré-açu (Melanosuchus niger), utilizados como iscas na pesca da piracatinga.
É a terceira vez que a moratória, criada em 2015, é renovada. A primeira deveria durar cinco anos, para que estudos e um plano de manejo e conservação fossem implementados. Por falta de investimento e incentivo, medidas de proteção e de fiscalização efetivas não foram tomadas, e a pesca continua acontecendo de forma ilegal.
Segundo a Sea Shepherd Brasil, ONG que liderou o movimento contra a liberação pesca da piracatinga, a recomendação é manter a moratória por tempo indeterminado, visto que são necessários, no mínimo, 12 anos para estudar o real impacto de uma lei de proteção aos botos cor-de-rosa.
Além disso, não há nenhuma justificativa para a pesca desse peixe voltar a ser legalizada. O bagre não é procurado pela população local, nem possui valor comercial no Brasil. A demanda é proveniente, sobretudo, da Colômbia. Desde que o consumo colombiano aumentou, as populações do boto-cor-de rosa são reduzidas 10% a cada ano.
“Não podemos ficar todo ano solicitando por mais prazo e sempre chegarmos à conclusão de que faltam dados, arriscando a decisão de um cancelamento da moratória, quando sabemos que é necessário tempo para podermos ter as respostas em mãos”, ressaltou Nathalie Gil, CEO do Instituto Sea Shepherd Brasil.
O boto
Os botos-cor-de-rosa são animais únicos, que só existem nas bacias dos rios Amazonas e Orinoco. Símbolo de diversas lendas da Amazônia, ele é o maior golfinho de água doce do mundo. A pesca da piracatinga é apontada como uma das principais causas do desaparecimento da espécie.