Incêndios florestais causam um terço da perda global de florestas
A perda florestal provocada pelo fogo está aumentando cada vez mais, principalmente em florestas tropicais na África e América Latina. É o que indica o primeiro mapa global sobre a perda de florestas e incêndios florestais, realizado com imagens de satélite de alta resolução. A pesquisa, publicada na revista Frontiers in Remote Sensing, aponta que um terço da perda global de florestas entre 2001 e 2019 foi causada pelo fogo.
Com o aumento das temperaturas globais e secas mais prolongadas, os incêndios têm sido um problema no mundo todo. Nos últimos anos, eventos catastróficos atingiram a Austrália, Califórnia (EUA) e Brasil. No entanto, ainda faltam dados consistentes sobre o número e intensidade desses eventos.
Segundo a pesquisadora Alexandra Tyukavina, da Universidade Maryland, no caso dos incêndios que atingiram a Amazônia em 2019, não havia informações claras sobre o que exatamente estava queimando: florestas ou áreas convertidas em pastagens e lavouras. Embora se assemelhem em proporção e devastação, os incêndios possuem causas distintas em cada localidade.
Resultados
Para um mapeamento preciso, os pesquisadores diferenciam a perda florestal ocasionada pelo fogo e outros fatores, como agricultura, inundações e furacões. A perda foi definida como a remoção da vegetação lenhosa acima de 5 metros de altura. Tyukavina conta que, assim que produziram o mapa, ele passou a ser atualizado anualmente desde 2013.
Foi então que os cientistas identificaram o aumento de 29%, entre 2001 e 2019, na perda florestal devido aos incêndios. O índice aumentou no mundo todo, com as maiores perdas concentradas nas florestas boreais (69%-73%), seguidas por florestas subtropicais (19%-22%), florestas temperadas (17%-21%) e florestas tropicais (6%-9%).
“Distinguir o fogo de outros fatores diretos de perda de floresta, particularmente do desmatamento para produção de commodities, é essencial para moldar políticas locais e nacionais de uso da terra e intervenções locais, e informar acordos climáticos internacionais, esforços de conservação e de desmatamento zero”, apontaram os autores do estudo.