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Itália proíbe criação de animais para venda de peles

Itália proíbe criação de animais para venda de peles
Visons são explorados para produção de pele

A Comissão de Orçamento do Senado italiano aprovou nova lei que proíbe a criação de animais, como visons, lebres, chinchilas e raposas, para o comércio de peles. Todas as fazendas de peles ativas no país devem ser fechadas dentro de seis meses. Embora a decisão precise da aprovação final do Parlamento, espera-se que a medida seja sancionada até o final do ano, tornando a Itália o 16º país da Europa a proibir essa prática cruel.

Os agricultores que trabalham nas dez fazendas de visons existentes no país e em outros locais que criam animais para o comércio de peles, serão indenizados por meio de um fundo do Ministério da Agricultura no valor total de 3 milhões de euros.

A autora do projeto, deputada Loredana de Pettris, comemorou a aprovação pela comissão. “Vitória histórica, um marco da civilização foi alcançado com o fechamento definitivo, em seis meses, das fazendas de pele. Fim do sofrimento indescritível para esses animais”, declarou.

Michela Vittoria Brambilla, deputada ligada às causas animais, acredita que “em 30 anos de luta pelos direitos dos animais, esta é a mais bela vitória. Finalmente, uma votação parlamentar sanciona o fim do sofrimento indizível infligido aos animais apenas em nome do lucro e da vaidade”.

A decisão leva em conta, além da crueldade animal, os riscos ambientais e à saúde humana que a criação desses animais representa. Em 2020, a Dinamarca sacrificou 15 milhões de visons para conter uma nova cepa do coronavírus.

“A votação reconhece que permitir a criação em massa de animais selvagens para a moda frívola de peles representa um risco não somente para eles, mas às pessoas, e que não pode ser justificado pelos benefícios econômicos limitados que oferece a uma pequena minoria de pessoas envolvidas nessa indústria cruel”, ressalta Martina Pluda, diretora Humane Society International da Itália, instituição que teve papel importante na decisão.

Peles estão fora de moda

A decisão da Itália segue tendência do mundo da moda. Diversas grifes italianas, como Gucci, Valentino, Versace e Prada já haviam abandonado as peles. Hoje existem diversas opções de peles sintéticas no mercado que não são obtidas por meio de práticas cruéis e desnecessárias, por isso que Hugo Boss, Calvin Klein, Armani, Stella McCartney e Chanel, também aboliram peles de origem animal de suas coleções.

Entre os países, Israel foi o primeiro a proibir comércio de pele animal. No país, só ficam de fora da proibição o comércio de peles para necessidades de pesquisa, educação e certas tradições religiosas, como o uso do chapéu conhecido como “Schtreimel”.

No Brasil, São Paulo também foi pioneiro na proibição das peles. Desde 2015, artigos com pele de animais criados exclusivamente para extração do couro são proibidos no estado.

A nível nacional não há proibição. O país ainda é o segundo maior exportador de peles de chinchila do mundo, atrás apenas da Argentina. Um projeto de lei que proíbe a criação desses animais para o uso de sua pele, de autoria do deputado Ricardo Tripoli, foi apresentado em 2009, mas acabou sendo arquivado em 2019.

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