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Bitucas correspondem até 51% do lixo encontrado nas praias

Bitucas correspondem até 51% do lixo encontrado nas praias

Estudo inédito do Instituto do Mar, da Universidade Federal de São Paulo (IMar/Unifesp), mostrou que bitucas de cigarro representam grande parte da poluição nas praias. Na cidade de Santos (SP), as bitucas correspondem a 51% e 34% do lixo descartado nas praias nos períodos de verão e inverno, respectivamente. No total, bitucas de 22 marcas de cigarro foram encontradas nas praias santistas em diferentes estágios de decomposição.

Um relatório de 2018, da ONG Cigarette Butt Pollution, revelou que as bitucas de cigarro são o item mais encontrado entre o lixo das praias no mundo todo. Ao longo de 32 anos, 60 milhões de unidades já foram encontradas nos mares. No Brasil, a situação não é diferente. Segundo dados do projeto Lixo Fora D’Água, os filtros de cigarro representam 40,4% do lixo encontrado nas praias. A cada 8 quilômetros de orla, há em torno de 200 mil pontas de cigarro sobre a areia.

O acúmulo das bitucas nas praias é mais prejudicial do que se imagina, mostra o estudo publicado pela pesquisadora Christiane Freire Lima na revista Waste Management. Além de sujar as faixas de areia do litoral, as pontas de cigarro são altamente poluentes, podendo contaminar a água do mar e causar grandes danos à biodiversidade marinha.

Ítalo Braga Castro, vice-diretor do instituto IMar e orientador da pesquisa, ressalta que “o cigarro tem mais de sete mil substâncias tóxicas. Quando ocorre o ato de fumar, muitas dessas substâncias ficam retidas nas bitucas que, ao serem lançadas no ambiente, funcionam como verdadeiras bombas químicas com várias substâncias perigosas retidas naquele filtro, e que acabam sendo liberadas e contaminando o ambiente”, explicou.

O estudo

A pesquisa foi dividida em três fases. Na primeira, foi realizado um levantamento da quantidade de bitucas nas praias de Santos. Na segunda, os pesquisadores analisaram as marcas dos cigarros jogadas na areia e, por fim, a terceira fase consistiu no estudo do comportamento das bitucas no mar. Por meio de simulações realizadas em laboratório, os cientistas descobriram que as bitucas ficam na superfície do mar por aproximadamente três dias, indo logo depois para o fundo do oceano.

Entender o comportamento das bitucas no mar é importante para saber a extensão do problema, ressaltam os pesquisadores. De acordo com Ítalo, “as bitucas liberam substâncias tóxicas tanto para a água quanto para os sedimentos do fundo, e, desse modo, os resultados confirmam a necessidade de aplicação dos ensaios ecotoxicológicos nos dois compartimentos do ambiente”.

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