Biólogo brasileiro ganha R$ 300 mil para proteger boto ameaçado de extinção
Por sua dedicação à conservação do emblemático e ameaçado boto-de-lahille, o biólogo brasileiro Pedro Fruet foi agraciado com o maior prêmio ambiental do mundo, o Whitley Award, também conhecido como Oscar Verde. O pesquisador recebeu 40.000 libras, quase R$ 300 mil da fundação britânica Whitley Fund for Nature para investir em seu projeto.
A iniciativa é conduzida pela Kaosa, ONG fundada por Pedro e que atua no Estuário da Lagoa dos Patos e águas adjacentes, no Rio Grande do Sul, onde está a maior população de botos-de-lahille. O objetivo é promover a coexistência entre as comunidades pesqueiras e o pequeno cetáceo, endêmico do Atlântico Sul ocidental.
Os especialistas pretendem conter a captura acidental do animal por redes de pesca no estuário, uma das áreas pesqueiras mais movimentadas do Brasil. A pesca incidental é responsável por pelo menos 40% da mortalidade de golfinhos no local.
Na última década, uma média de seis animais morreram por ano devido à atividade pesqueira, uma taxa insustentável para uma espécie com menos de 600 indivíduos restantes e ocorrência restrita ao Sul do Brasil e Uruguai e Argentina.
Mesmo com a proibição da pesca por redes de emalhe na região, a prática não deixou de acontecer. Por isso, o projeto pretende estreitar o diálogo com os pescadores artesanais, bem como treinar a população local para realizar a vigilância cidadã das águas protegidas.
“O trabalho vital de Pedro Fruet nos mostra que a conservação bem-sucedida tem a ver com a conexão entre as pessoas e nosso mundo natural. Pedro Fruet não está apenas protegendo uma espécie muito querida, mas está ajudando uma indústria a aprender como operar de forma sustentável para que possa continuar fornecendo meios de subsistência para as gerações futuras”, destacou Edward Whitley, fundador da Whitley Fund for Nature.
Ganhadores
Além de Pedro, outros seis pesquisadores receberam o Whitley Award. São eles:
- Paula Kahumbu, Quênia (vencedora do Prêmio de Ouro): Justiça para as pessoas e os elefantes
- Lucy Kemp, Africa do Sul: Uma abordagem da comunidade para a conservação do Calau-terrestre-meridional
- NukluPhom, Índia: Estabelecendo um Corredor de Biodiversidade Pacífico em Nagalândia
- Iroro Tanshi, Nigéria: Morcegos à beira do precipício – ação participativa para salvar o morcego de cauda redonda
- Carlos Roesler, Argentina: Mergulhão encapuzado – guardião das estepes patagônicas
- Sammy Safari, Quênia: Transformando o futuro das tartarugas do Quênia por meio do manejo costeiro
No ano passado, duas cientistas brasileiras também receberam esse prêmio. A ecóloga Patrícia Medici, que estuda o comportamento das antas no Brasil, foi premiada com o ouro da competição.