Mais de 70% dos brasileiros querem delivery de comida livre de plástico
A demanda por itens descartáveis, como embalagens para serviços de entrega, cresceu desde o início da pandemia, reascendendo o alerta sobre o uso indiscriminado de plástico e seus efeitos noviços sobre a natureza. Uma pesquisa realizada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), mostrou que os consumidores brasileiros têm se preocupado com a situação, e 72% já gostariam de receber delivery de comida sem plástico.
Outros 15% afirmaram já terem deixado de pedir o serviço por se sentirem incomodados com a quantidade de plástico enviada junto com a comida. Foram mais de mil pessoas entrevistadas, entre os dias 6 e 14 de março. O estudo foi encomendado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e pela ONG Oceana, líderes da campanha #DeLivreDePlástico.
O levantamento constatou que a maioria dos consumidores, 86%, vê os aplicativos de delivery com igual ou maior responsabilidade que os restaurantes no combate ao plástico. Mais de 75% ainda acreditam que os apps deveriam se comprometer publicamente com metas de redução de plástico descartável, e 82% acham que as embalagens deveriam ser disponibilizados somente a pedido do cliente.
Entre os itens que os brasileiros menos querem receber, de acordo com o levantamento, são canudos e mexedores de bebidas (53%), talheres (52%); e copos de plástico (47%). Em relação às sacolas e recipientes de isopor, mais da metade pedem para eles sejam substituídos por materiais alternativos e menos poluentes.
“Os aplicativos de entrega de refeição têm papel fundamental na transição para uma economia circular do plástico e na eliminação dos itens descartáveis desnecessários. Além de serem vetores da intensificação do delivery, sua capacidade de influência sobre a cadeia de valor coloca os aplicativos como importantes agentes dessa mudança”, afirmou o coordenador da campanha Mares Limpos do PNUMA, Vitor Leal Pinheiro.
Brasil produz plástico de mais e recicla de menos
Segundo dados do WWF-Brasil, o país ocupa a quarta posição no ranking mundial de produção de plástico, gerando 11,3 milhões de toneladas de resíduos do material por ano, entretanto, recicla menos de 2% do lixo produzido anualmente.
Estudos mostram que a maior parte dos resíduos plásticos acaba nos oceanos, ameaçando os ecossistemas marinhos. Estima-se que entre 70 mil a 190 mil toneladas de lixo plástico são despejados por ano nos mares pelas comunidades costeiras.
Apesar da grande quantidade de plástico já estocada nos solos e mares, a tendência é que a produção do material dobre nos próximos anos. Em 2025, a produção de plástico deverá atingir mais de 600 milhões de toneladas por ano, um aumento de 50% em relação à produção atual, indicou um levantamento recente.
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