Desmatamento volta a subir na Amazônia e Cerrado em março
Os índices de desmatamento voltaram a subir na Amazônia e Cerrado no mês passado, indicaram dados do Deter, sistema de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Na Amazônia Legal, mais de 367 quilômetros quadrados foram desmatados só em março deste ano, um aumento de 12% em comparação ao mesmo período de 2020. É o maior índice para o mês de março desde 2015.
A situação no Cerrado é ainda mais alarmante: o bioma perdeu 529,3 km² no mês passado, 146% a mais que o registrado em março de 2020 (215,1 km²). Este é o maior índice para o período dos últimos três anos. No acumulado de janeiro a março, também houve aumento. Neste ano, a perda foi de 824,3 km², ante 724 km² desmatados em 2020.
No ranking por estados, a Bahia foi o que mais desmatou o Cerrado em 2021, com perda de 266,8 km². Na Amazônia, o estado que concentrou maior área desmatada foi o Pará (221,1 km²), seguido de Mato Grosso (153,6 km²) e Amazonas (93,08 km²).
Desde o início do ano, a floresta já perdeu 576,1 km². Desse total, 30 km² foram perdidos dentro de unidades de conservação, na Floresta Nacional do Jamanxim (14,73km²) e na Área de Proteção Ambiental do Tapajós (14,33km²), ambas no Pará.
Acredita-se que os números sejam ainda maiores, considerando a taxa de sobreposição de nuves de 44,21%, maior índice dos últimos dois anos, que pode ter ocultado algumas áreas e dificultado a leitura dos radares do Deter.
Desmonte das políticas ambientais
Para ambientalistas, o avanço da destruição é reflexo dos cortes nos órgãos ambientais e da atuação desfavorável de Jair Bolsonaro na área ambiental. Desde que assumiu a presidência, as taxas de desmatamento e incêndios florestais só subiram na Amazônia e outros biomas, assim como a impunidade a crimes ambientais e a violência no campo. Além disso, 2021 contou com o menor orçamento para meio ambiente em 21 anos.
“O que já é ruim pode piorar, com Ricardo Salles trabalhando contra o meio ambiente e o Congresso Nacional trabalhando para legalizar grilagem, flexibilizar o licenciamento ambiental e abrir terras indígenas para mineração, o desmatamento tende a continuar em alta”, comenta Cristiane Mazzetti, Gestora Ambiental do Greenpeace.
Em março, o Greenpeace, a Amda e mais de 250 organizações da sociedade civil protocolaram carta pública, pedindo que os esforços do Congresso Nacional sejam direcionados ao enfrentamento da pandemia e não à proposição de retrocessos ambientais. As ONGs temem o avanço de um pacote de destruição da legislação ambiental enquanto a país passa por uma crise sanitária.
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