Pesquisadores descobrem nova espécie de surucuá em Alagoas

Criticamente ameaçada de extinção, uma nova espécie de surucuá foi descoberta em remanescentes da Mata Atlântica no estado de Alagoas. Batizada de surucuá-de-murici (Trogon muriciensis), por ter sua ocorrência restrita à Estação Ecológica (ESEC) de Murici, a ave foi descrita por pesquisadores em artigo publicado no Zoological Journal of the Linnean Society.
Pertencente à família Trogonidae, grupo de espécies de porte médio, bico forte e curto, a ave possui atributos semelhantes à de seus familiares, como olhos grandes e escuros com pálpebras coloridas. Mas, o principal atributo da família é o formato dos pés, que possuem dois dedos para frente e dois para trás, o que forma os chamados pés heterodáctilos.
O surucuá-de-murici foi, por muito tempo, confundido com o surucuá-de-barriga-amarela, até que os cientistas identificaram características únicas nos indivíduos alagoanos, como a menor estatura, o padrão de canto diferenciado, a pigmentação da plumagem, além dos caracteres genéticos distintos e o barramento da cauda, que possui um padrão de listras.
Os cientistas captaram essas informações apenas em exemplares machos, visto que ainda não foram encontradas fêmeas. Estima-se que, hoje, a população da ave não ultrapasse os 90 casais, por isso são necessárias ações urgentes de conservação, alertaram os pesquisadores.
Eles recomendaram que o pássaro fosse listado como Criticamente Ameaçado, pois resta menos de 30 quilômetros quadrados de floresta no local, principalmente em pequenos fragmentos e nem todos adequados para a espécie.
Para Marco Antônio de Freitas, analista ambiental e chefe da Estação Ecológica de Murici, “o surucuá-de-murici é um pássaro candidato a virar a espécie símbolo da ESEC, não só pela beleza, mas pelo significado da sua descoberta e seu status de conservação”, disse.
“A ESEC de Murici tem um altíssimo grau de endemismo. Ela foi criada justamente pelo elevado número de espécies endêmicas e aves ameaçadas de extinção. Atualmente, são conhecidas mais de 40 espécies que ocorrem no Centro de Endemismo Pernambuco e estão nesta categoria”, completou Marco Antônio.