Rodoanel sim, mas sem destruição: assine!
O governo de Minas anuncia construção do Anel Metropolitano de BH, tendo inclusive disponibilizado, no site da Seinfra (Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade), proposta de traçado do mesmo. No que se refere a sua Alça Sul, o traçado proposto causará impactos ambientais e sociais de grade magnitude.
Atravessando o vale do rio Paraopeba em direção à BR-040 (saída para o RJ), cortará áreas situadas ao longo do alinhamento das serras do Rola Moça e dos Três Irmãos, que além de funcionarem como significativo corredor de ambientes naturais, protegem o manancial de água do Rio Paraopeba, considerado o segundo mais importante de toda a RMBH.
Nas imediações da localidade de Casa Branca/Brumadinho, esplêndidos remanescentes de Mata Atlântica, como os da Fazenda Jangada serão atingidos e em direção à Serra da Calçada, a rodovia atravessará o trecho mais importante desta cadeia montanhosa, pelos aspectos geomorfológico e de biodiversidade – a Tutaméia: grandes remanescentes de Mata Atlântica, Cerrado e várias tipologias campestres, incluindo raríssimos campos ferruginosos, graminosos e quartzíticos, ambientes que marcam a diversidade da paisagem.
Parte desta área encontra-se protegida pelo Monumento Natural da Serra da Calçada, que abriga relíquias históricas como o Forte de Brumadinho, cuja implantação remonta ao ciclo do ouro. Além disso, existem na área várias trilhas pavimentadas em pedras que eram usadas no século XVIII para o transporte da produção de alimentos entre a localidade de Piedade do Paraopeba e os centros mineradores de Ouro Preto, Congonhas e Mariana. O local fica apenas a 25 km de Belo Horizonte e tornou-se ponto de atração turística para caminhantes e ciclistas.
Apesar de tão próximos à capital, estes ambientes naturais abrigam animais ícones de nossa fauna, como a onça parda, lobo guará e diversas outras espécies ameaçadas de extinção, que mostram o alto nível de conservação da área. Curiosamente, o traçado proposto parece basear-se no estranho princípio de “áreas despovoadas”, como se animais, rios e florestas não “povoassem” a região.
É de conhecimento público o gigantesco potencial de danos ambientais causados por rodovias. Começam durante a construção, com a remoção da vegetação natural, barulho de máquinas que apavoram a fauna, movimentação de terra que em boa parte é carreada para cursos d’água e lixo. O pior acontece quando termina, ao estimularem a ocupação permanente.
No caso do Rodoanel Sul, a Serra da Calçada e o Parque Estadual da Serra do Rola Moça funcionam atualmente como limitadores à ocupação humana. O traçado proposto abrirá as portas para que isso aconteça, ampliando a derrubada da Mata Atlântica, aumentando os riscos de incêndios, presença de lixo e o flagelo ambiental do atropelamento de animais silvestres, considerado hoje como uma das maiores causas de extermínio da fauna nas regiões brasileiras mais densamente ocupadas.
Não se discute aqui a importância do Rodoanel, cuja necessidade é inquestionável, já que o atual foi engolido pela expansão urbana desordenada, permitida pelo poder público. Mas também inquestionável é a proteção dos ambientes naturais e do patrimônio histórico-cultural que o traçado proposto atinge. Há alternativas de muito menor impacto e custo, que não podem ser ignoradas. Conciliar os dois aspectos é dever do governo. O Rodoanel é necessário. Mas não mais que os serviços ambientais, sociais, culturais e econômicos prestados pela natureza.
Apesar de inúmeras promessas por parte da Semad/IEF, o governo de Minas não tem Plano de Proteção da Mata Atlântica, mesmo tendo sido repetidamente apontado pelo Inpe/Fundação SOS Mata Atlântica, como campeão de derrubada do bioma. E, ironicamente, anuncia uma obra que irá ampliar sua destruição.
Assine
Em defesa dos rios, fauna, flora e do patrimônio histórico e arqueológico do Vetor Sul de BH, assine para mudar o traçado proposto para o Rodoanel Metropolitano. Os interessados deverão enviar nome e profissão ou nome da instituição para elizabete@amda.org.br. O documento será enviado por e-mail no dia 1° de fevereiro ao governo de Minas Gerais.