Mudanças climáticas ameaçam um terço dos Patrimônios Naturais da Humanidade
Dos 252 locais classificados pela Unesco como Patrimônio Mundial Natural, um terço (33%) está ameaçado pelas mudanças climáticas, revelou relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Entre os sítios naturais em maior risco, está a Grande Barreira de Corais da Austrália, o maior conjunto recifal do mundo.
É a primeira vez que os recifes australianos recebem o selo “crítico” na avaliação. Os eventos consecutivos de branqueamento em massa, impulsionados pelo aquecimento global, são apontados como os principais responsáveis pela destruição da Grande Barreira, que diminuiu cerca de 50% nas últimas três décadas, revelou um estudo anterior.
Em outros pontos do globo, as mudanças climáticas causaram efeitos semelhantes. Na Região Floral do Cabo, na África do Sul, espécies invasoras proliferaram, enquanto no Brasil, o Pantanal foi devastado por incêndios florestais sem precedentes. No Canadá e Estados Unidos, o rápido degelo da geleira Kaskawulsh dizimou os peixes e mudou o fluxo do Lago Kluane.
As descobertas, “revelam os danos que a mudança climática está causando no Patrimônio Mundial Natural, desde a redução das geleiras ao branqueamento de corais, passando por incêndios e secas cada vez mais frequentes e severas”, destacou Bruno Oberlé, diretor-geral da IUCN.
O levantamento baseia-se em relatórios anteriores, de 2014 e 2017, para verificar se a conservação dos patrimônios é suficiente para protegê-los a longo prazo. Os resultados indicam que apenas metade dos sítios naturais têm proteção e gestão eficazes. Mais de 80 monumentos foram avaliados como em “alta” ou “muito alta” ameaça.
Cerca de 7% dos sítios integraram a categoria “crítica”, 30% foram classificados como “preocupação significativa” e 63% como “boa” ou “boa com algumas preocupações”. Desde 2017, apenas oito sítios do Patrimônio Mundial Natural melhoraram e 16 se deterioraram.
Áreas de grande beleza natural, que abrigam espécies únicas e ameaçadas, estão sendo destruídas devido às mudanças do clima. Cada sítio natural fornece um conjunto único de benefícios e serviços ecossistêmicos, dos quais depende a humanidade.
Efeitos da pandemia
O levantamento também elencou os impactos positivos e negativos gerados pela pandemia do novo coronavírus. Entre os impactos positivos, o mais significativo foi a diminuição da pressão do turismo sobre os ecossistemas naturais. No entanto, alguns patrimônios estão sofrendo com a interrupção dos trabalhos de conservação, perda de controle sobre atividades ilegais e redução de receita devido à falta da renda gerada pelo turismo.