Projeto sinaliza rios e córregos “invisíveis” em Belo Horizonte
Em Belo Horizonte, estima-se que a canalização encobriu 200 dos 700 quilômetros de cursos d’água urbanos. Entre os rios cobertos pelo asfalto, estão o córrego do Leitão, abaixo da avenida Prudente de Morais, o Acaba Mundo, encoberto pela avenida Uruguai, e vários outros. Para sinalizar os rios e córregos da capital mineira, o projeto “Entre Rios e Ruas” instalou 230 placas indicativas dentro do perímetro da avenida do Contorno.
Nos últimos dias 19 e 20, a iniciativa instalou as últimas 33 placas de sinalização dos afluentes do Ribeirão Arrudas, passando pela rua Levindo Lopes com Av. do Contorno, rumo às ruas Antônio de Albuquerque, Alagoas, Santa Rita Durão e Pernambuco, até chegar na Av. Afonso Pena.
Outros 197 letreiros já tinham sido instalados, mas o trabalho foi paralizado em março devido à pandemia do novo coronavírus, retornando só agora. As placas foram inseridas nas mesmas balizas em que estão os nomes das ruas e avenidas.
O objetivo do projeto, idealizado pela artista plástica Isabela Prado, é refletir a relação entre a cidade, a paisagem, o meio ambiente e o indivíduo. A capital mineira foi planejada sem considerar os cursos d’água, fazendo com que inúmeros rios fossem canalizados nas décadas passadas, tornando-se “invisíveis“ às pessoas que caminham pelas ruas de BH.
A falta de conscientização da população e a ausência de campanhas pelo poder público são agravadas pela contínua impermeabilização do solo, adensamento populacional e ininterrupta verticalização da cidade. Esses fatores vêm sobrecarregando os rios, aumentando casos de transbordamento e enchentes, cada vez mais frequentes e, muitas vezes, mortais.
“A proposta é chamar a atenção sobre o que foi oculto e, de maneira poética e crítica, tentar desvelá-los, para repensar as formas de convívio do espaço urbano com o meio ambiente, a memória e o processo de urbanização da cidade. Assim, o projeto ganha uma dimensão social, pois passa a ter o papel de suscitar reflexões, de trazer à tona as relações que todos nós estabelecemos com a cidade, seus habitantes, sua dinâmica de ocupação e apropriação do espaço”, explicou Isabela.