Grande Barreira de Corais diminuiu 50% nas últimas três décadas
A Grande Barreira de Corais da Austrália, a maior e uma das mais ameaçadas formações recifais do mundo, diminuiu cerca de 50% nas últimas três décadas. Os eventos consecutivos de branqueamento em massa, impulsionados pelo aquecimento global, são apontados como os principais responsáveis pelo declínio dos corais, indicou estudo publicado no Royal Society Publishing.
Os pesquisadores analisaram a abundância e o tamanho das populações ao longo dos 2.300 km de extensão da grande barreira, e compararam com dados dos últimos 30 anos. Eles descobriram que não importa a espécie ou o tamanho do coral, praticamente todas as populações estão reduzindo, embora algumas estejam mais ameaçadas.
“Medimos as mudanças no tamanho das colônias porque os estudos populacionais são importantes para entender a demografia e a capacidade dos corais de procriar”, explicou o principal autor da pesquisa, Dr. Andy Dietzel, do ARC Centro de Excelência para Estudos de Recifes de Coral (CoralCoE).
Os resultados sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de distúrbios nos recifes, como ondas de calor marinhas. O estudo registrou deteriorações mais acentuadas nas colônias ao norte e centro da Grande Barreira de Corais, causadas por eventos de branqueamento em massa ocorridos em 2016 e 2017.
As perdas ocorreram tanto em águas rasas, quanto profundas, afetando, especialmente, corais ramificados e em forma de mesa, que servem de habitat para peixes. Em algumas áreas ao norte do recife, a abundância de grandes colônias caiu em até 98%, enquanto houve um pequeno aumento, cerca de 25%, na porção sul.
Os cientistas também observaram que há menos adultos reprodutores grandes nas populações e, consequentemente, menos bebês. Isto significa que o branqueamento tem se tornado tão intenso e frequente ao ponto de exceder a capacidade de regeneração e resiliência dos corais. Estudos anteriores, revelaram que o planeta perdeu metade de seus corais em 150 anos.
O processo de branqueamento, decorrente do aquecimento das águas, é uma das maiores ameaças aos complexos recifais. Ele ocorre quando as algas que vivem em simbiose com o coral são expulsas pelo calor. Na ausência dessas plantas, que colorem e nutrem os organismos, os recifes tornam-se frágeis e suscetíveis a doenças.
“Costumávamos pensar que a Grande Barreira de Corais era protegida por seu tamanho, mas nossos resultados mostram que mesmo o maior e relativamente bem protegido sistema de recifes do mundo está cada vez mais comprometido e em declínio”, disse o coautor do estudo Terry Hughes, também do CoralCoE.
Para os autores do estudo, não há tempo a perder. “Devemos reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa e o mais rápido possível”, concluíram.
Notícia relacionada:
Branqueamento na APA Costa dos Corais é o maior das últimas décadas