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Nova espécie de cobra dormideira é descoberta na Mata Atlântica 

Nova espécie de cobra dormideira é descoberta na Mata Atlântica 
Foto: Konrad Mebert

Com mais de 15 mil espécies de plantas e mais de 2 mil animais vertebrados, a Mata Atlântica é uma das florestas mais biodiversas do planeta. A riqueza é tamanha que ainda há espécies sendo descobertas pela ciência até hoje. O último registro inédito foi de uma cobra (Dispas bothropoides) pertencente ao grupo das dormideiras, conhecidas pelo comportamento “dócil” e ausência de peçonha.

As descobertas são fruto de parceria entre pesquisadores da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), herpetólogos do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). O artigo científico descrevendo a nova espécie foi publicado no período South American Journal of Herpetology, em agosto.

Seu nome científico, Dipsas bothropoides, representa a forma latinizada de “bothros” – palavra de origem grega que se refere à fossa facial da cobra – e ao gênero Bothorops, relativo à família das víboras. O sufixo “oides” faz referência à grande semelhança da dormideira com com as jararacas, embora a espécie não seja venenosa.

De acordo com o artigo, o gênero Dipsas raramente ultrapassa os 100 centímetros, possui estilo de vida arbóreo e se alimenta de gastrópodes (como caracóis e lesmas). Apresenta padrão de cor polimórfico, embora suas cores predominantes sejam o cinza e o marrom. Entre as diferenças da nova espécie em relação a outras dormideiras, estão as suas manchas dorsais triangulares.

Descoberta

O animal foi visto pela pela primeira vez em 2016, enquanto o herpetólogo Konrad Mebert, da Universidade Estadual de Santa Cruz, viajava pelo município baiano de Itacaré. O indivíduo estava morto em uma estrada e o pesquisador não sabia, à princípio, que se tratava de uma espécie ainda não catalogada.

A partir de pesquisas ele identificou outro exemplar, localizado em 2004, em Santa Maria do Salto (MG), também em uma área de Mata Atlântica. Comparando o material genético dos indivíduos com espécies já catalogadas, eles concluíram que as serpentes pertenciam a uma nova espécie.

Os pesquisadores destacaram que a descoberta de uma nova espécie de cobra conhecida em apenas duas localidades da Mata Atlântica do Centro-Leste do Brasil é uma grande surpresa, pois essa região é explorada há séculos, além do aumento do turismo sazonal, qualificando-a como uma cobra muito rara. A escassez de registros sugere que a espécie está criticamente ameaçada de extinção.

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