Diretor do Ibama é exonerado após operação contra garimpos ilegais
O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Olivaldi Azevedo, foi exonerado nesta terça-feira (14) pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A saída está relacionada à repercussão das operações de fiscalização contra garimpos ilegais em Terras Indígenas, executadas pela equipe do ex-diretor.
A megaoperação, exibida em reportagem do Fantástico no último domingo, mostrou fiscais do Ibama queimando estruturas e equipamentos utilizados por criminosos ambientais. Embora prevista por lei, a destruição de maquinário apreendido desagrada o presidente Jair Bolsonaro, que já prometeu acabar com a prática.
Ricardo Salles ainda não se manifestou publicamente sobre a saída de Olivaldi, mas há rumores de que a queima dos equipamentos e a realização da operação sem o seu consentimento tenham sido o estopim para a demissão. A divulgação das imagens na mídia também agravou a situação.
A relação entre eles já estava estremecida, apesar de o ex-diretor ter sido nomeado para ser o homem de confiança do ministro dentro do Ibama. Acredita-se que ao longo da semana, outros servidores que participaram da megaoperação também sejam exonerados.
Fiscalização
As operações concentraram-se em Terras Indígenas no sul do Pará, onde vivem cerca de 1,7 mil índios. O objetivo é impedir que o desmatamento, o tráfico de animais silvestres e os garimpos ilegais avancem sobre as reservas e exponham as aldeias ao novo coronavírus. Além de destruir o meio ambiente, os invasores podem ser vetores de transmissão da doença.
As últimas sinalizações do governo Bolsonaro, de liberar garimpos e reduzir Terras Indígenas, motivou ainda mais criminosos ambientais a exercerem suas atividades ilícitas em áreas protegidas.
As fiscalizações, reduzidas devido à pandemia, foi outro fator que favoreceu a ação de madeireiros e garimpeiros. Só no primeiro trimestre de 2020, os alertas de desmatamento na Amazônia subiram 51% em comparação ao mesmo período de 2019. Entre janeiro e março, pontos de desmate foram detectados em 796 km² da Amazônia Legal.
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