Polos derretem e influenciam temperatura nos trópicos
Um verão escaldante para os padrões do Ártico fez com que Groenlândia perdesse 600 bilhões de toneladas de gelo só em 2019, o suficiente para elevar o nível do mar global em 2,2 milímetros em dois meses. Do outro lado, a Antártica continuou perdendo massa ao longo do Mar de Amundsen e na Península Antártica, onde a temperatura bateu recorde em fevereiro deste ano, chegando a 18,3°C.
Os polos continuam derretendo, ao passo que o calor aumenta. Os níveis mais alarmantes pertencem à Groelândia, que entre 2002 e 2019 perdeu 4.550 bilhões de toneladas de gelo, uma média de 268 bilhões/t por ano. Só as perdas do último verão representam mais que o dobro das médias anuais para o local.
As conclusões são de estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Irvine, e da NASA. O levantamento foi publicado ontem (18), no periódico cientifico Geophysical Research Letters.
Segundo a líder do estudo, Isabella Velicogna, a perda de massa no oeste da Antártica continua inabalável, contribuindo com a elevação do nível do mar. “Mas também observamos um ganho de massa no setor Atlântico da Antártida Oriental causado por um aumento na queda de neve, o que ajuda a mitigar o enorme crescimento na perda de massa que vimos nas últimas duas décadas em outras partes do continente”, destacou.
Impactos
Um dos principais efeitos do derretimento dos polos é a elevação do nível do mar, já que o degelo adiciona mais água líquida aos mares. O avanço do mar coloca em risco ecossistemas, vidas humanas e possui relação direta com diversos fenômenos, a exemplo da erosão costeira. Dados recentes apontam que processos erosivos na costa podem extinguir metade praias do mundo até 2100, inclusive as existentes no Brasil.
Entretanto, o derretimento de gelo nas regiões mais frias do planeta pode causar inúmeras consequências e até acarretar mudanças no clima tropical. Outro estudo, divulgado nesta semana pela revista Nature, indicou que o degelo antártico irá se intensificar no próximo século e exercerá profunda influência sobre os trópicos.
“As perdas combinadas de gelo marinho Ártico e Antártico serão responsáveis por 20 a 30% do aquecimento tropical projetado e das mudanças de precipitação em um cenário de altas emissões, ” indicou o estudo.
Os pesquisadores descobriram que o derretimento de gelo também pode criar padrões de vento incomuns no Oceano Pacífico, que suprimirão o movimento ascendente da água fria e profunda do oceano, causando aquecimento da superfície do mar, especialmente na porção equatorial oriental do Pacífico.
Esse aquecimento influenciará no regime de chuvas tropicais, pois à medida que o oceano esquenta, aumenta a precipitação. Estima-se que o degelo nos polos provocará um aumento de 0,5°C na superfície oceânica do equador e adicionará mais de 0,3 milímetros de chuva por dia na mesma região.
Com informações de ScienceDaily
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