Pesquisadores desenvolvem equipamento que usa luz solar para tratamento de esgoto
Utilizar a luz solar para tratamento de esgoto a nível domiciliar e industrial. Esse é o mote de pesquisa desenvolvida há dois anos pela Unesp de Araraquara (SP) e a Universidade de Laval, em Quebec, no Canadá. Os pesquisadores construíram um modelo em escala piloto para testar a capacidade de gerar energia térmica que pode ser usada nos processos de limpeza da água.
O modelo desenvolvido concentra a luz do sol em 100 vezes. Para o tratamento de esgoto a capacidade precisa ser maior. “Inicialmente, a água do esgoto livre dos sólidos vai passar no reator que vai conter o fotocatalisador, que será iluminado pela luz do sol e vai sair pura”, explicou o professor do Instituto de Química da Unesp, Sidney Ribeiro. O fotocatalizador é um líquido que tem a função de ajudar a acelerar o processo de limpeza da água com a presença da luz concentrada e do calor gerado por ela.
Quanto maior a potência da luz, mais rapidamente ocorrem os processos. A energia térmica é concentrada na ponta de um conjunto de fibras ópticas que pode ser transportado com facilidade.
O modelo já chamou a atenção de pesquisadores estrangeiros, como o professor de química Sajjad Ullah, do Paquistão. “Eu trabalho com membranas fotocatalíticas para filtragem e limpeza da água, só que esses processos geralmente são lentos e a ideia é usar essas membranas para o tratamento da água em fluxo; para isso é preciso ser mais rápido e isso só é possível utilizando uma luz solar mais concentrada”, afirmou.
De acordo com Elias Paiva, pós-doutorando em química, o sistema gera energia limpa, o que beneficia o meio ambiente. “Em geral nós utilizamos fontes artificiais que são bastante caras, por exemplo, lâmpadas de xenônio, de mercúrio para viabilizar a aplicação desse processo. Além de desenvolver novos materiais como membranas e filtros, nós utilizamos energia coletada do sol para que esse processo seja muito mais rápido”, explicou.
Os pesquisadores estão trabalhando para reduzir o custo do equipamento e buscando parceiros para colocar o projeto em prática. “A ideia é conseguir baratear o custo desse equipamento com tecnologia nacional fazendo com que a gente possa levar um equipamento desses para diversos lugares, sejam industriais ou regiões remotas do país onde tenha bastante sol, para conseguir purificar água ou mesmo melhorar e baratear processos industriais com energia do sol, que é limpa”, afirmou o professor do Instituto de Química da Unesp, Marcelo Nalin.