Pesquisa aponta que 93% dos brasileiros são contra caça de animais silvestres
A maioria esmagadora dos brasileiros rejeita a liberação ou incentivo à caça de animais silvestres. Esta é a conclusão de pesquisa realizada pelo Ibope, encomendada pela WWF-Brasil, que apontou que 93% dos entrevistados são contrários à atividade, proibida no país há mais de 50 anos.
O Ibope ouviu 2.002 pessoas a partir de 16 anos em 142 municípios de todas as regiões do país. Embora em todos os grupos pesquisados a rejeição à caça seja acima de 90%, ela é maior entre as mulheres (95%), do que entre os homens (90%). Também é maior entre os entrevistados com ensino superior (94%). Para os brasileiros que cursaram entre o quinto e o oitavo ano do ensino fundamental, o índice chega a 93%. Entre os entrevistados que fizeram até o quarto ano, a rejeição à atividade chegou a 90%.
Segundo a pesquisa, moradores de regiões metropolitanas também apresentam rejeição maior (95%) se comparados a cidadãos de cidades do interior (90%). O Nordeste teve o menor índice contrário entre as regiões brasileiras (91%) e o Sudeste o maior (94%). No Norte e no Centro-Oeste o índice é de 92%; na Sul, chega a 93%.
Diferentes faixas de renda familiar também quase não mostram alteração: a prática é rejeitada por 91% das famílias que ganham até um salário mínimo; por 93% das que ganham entre um e cinco salários mínimos; e por 90% das que ganham mais de cinco.
Apesar dos resultados, alguns parlamentares e o próprio presidente Jair Bolsonaro se posicionam favoravelmente à matança desenfreada e cruel. Atualmente, cinco projetos de lei tramitam na Câmara dos Deputados com objetivo de liberar a caça de animais silvestres. Entre eles está o PL 6.268/2016, de autoria de Valdir Colatto, atual chefe do Serviço Florestal Brasileiro (SFB).
“A tentativa de desfiguração do Código Florestal, por meio da MP 867 que anistia o desmatamento, o decreto das armas do atual presidente e o projeto de lei da caça em tramitação não são atos isolados: estão todos conectados e são um perigo para a biodiversidade do Brasil. É um enorme retrocesso e todos fazem parte da mesma estratégia. Precisamos estabelecer um acordo pela natureza para garantir a sobrevivência das pessoas. E a população sabe disso: em todas as categorias da pesquisa – gênero, idade, escolaridade, região – o resultado sempre foi categórico, mais de 90% sempre é contra a caça”, afirmou Michel Santos, gerente de políticas públicas da WWF-Brasil.
“Vivemos um momento global em que as espécies estão sendo extintas em ritmo acelerado. No Brasil, particularmente, estamos vivenciando retrocessos que podem ter consequências gravíssimas. Temos que nos unir, todas a pautas, direitos humanos, alimentação, meio ambiente. Todos juntos pelo planeta e por nosso futuro”, disse o deputado Nilto Tatto, relator do referido projeto de lei.
Recentemente, mais de 700 organizações, entre elas a Amda, parlamentares e personalidades assinaram um manifesto contrário às propostas alertando sobre os riscos de tal retrocesso. O documento foi encaminhado ao líder do governo na Câmara, deputado Victor Hugo.