Aquecimento global fará oceano mudar de cor
Responsáveis pela oxigenação da água e sustentação da cadeia alimentar marinha, as populações de fitoplânctons estão sendo gravemente alteradas nos oceanos como consequência do aquecimento global. As variações no número de organismos, que impactam diretamente o ecossistema marítimo, também modificarão a coloração da água.
A previsão é que as porções subtropicais fiquem mais azuis – demonstrando menor número de indivíduos -, enquanto as zonas polares devem ganhar tonalidade verde-escura devido à proliferação de fitoplânctons. Isso ocorrerá, pois algumas espécies se beneficiarão com o calor e vão se proliferar, sobretudo no Equador e nos polos, ao passo que outras vão sofrer baixas populacionais pela incapacidade de adaptação.
As constatações são de um estudo publicado revista Nature Communications, no qual pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) utilizaram um modelo computacional para analisar como a temperatura, correntes oceânicas, acidez e composição da água afetam o crescimento e a variedade de fitoplânctons. Além da coloração, observaram como a ausência dos organismos microscópicos pode interferir na absorção e reflexão da luz.
“Da mesma forma que as plantas em terra são verdes, o fitoplâncton também é, então a quantidade e seus diferentes tipos afetam a cor da superfície do oceano”, explicou Anna Hickman, co-autora da pesquisa, desvendando a razão de regiões ricas em algas ganharem um tom esverdeado.
De acordo com a pesquisa, o Atlântico Norte será o primeiro indicador da mudança, dando sinais do fenômeno já na próxima década. A princípio, as alterações serão percebidas somente por meio de sensores; nas próximas décadas ficarão mais evidentes e, até o final do século, metade do oceano já vai ter mudado de cor.
Trata-se de um impacto indireto do aquecimento global e um sinal de que o ecossistema oceânico está sendo mudado na mesma velocidade do clima. Segundo o levantamento, os impactos vão muito além da estética das águas. A transformação climática pode, por exemplo, levar uma comunidade de fitoplâncton a invadir o espaço de outra, mudando toda a dinâmica das cadeias alimentares.
As modelagens foram feitas considerando um aumento de 3ºC na temperatura media global até 2100. É o que a maioria dos cientistas prevê em um cenário de quase nenhuma ação para reduzir os gases de efeito estufa.
Notícia relacionada: