Japão anuncia volta da caça comercial de baleias
O porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, chocou ambientalistas ao anunciar, no final de 2018, a saída do país da Comissão Internacional da Baleia (IWC, sigla em inglês) e a retomada da caça comercial de baleias, proibida há mais de 30 anos. Os abates que antes eram feitos na Antártida, sob pretexto de pesquisa cientifica, agora serão realizados livremente nas águas territoriais e na zona econômica exclusiva da nação.
Notícias publicadas na mídia japonesa já indicavam a saída do país desde o ano passado, mas só agora a decisão foi oficializada. Em setembro, durante encontro da IWC no Brasil, o país asiático propôs acabar com a moratória de 32 anos sobre a caça comercial de baleias, porém a proposta foi derrotada por 41 votos contrários. Depois do fracasso, o país resolveu se retirar da comissão.
Em comunicado, Suga esclareceu que a caça só será liberada a partir de julho deste ano, após a saída do grupo entrar em vigor. Desde 1951 o Japão faz parte da IWC, mas há tempo suas decisões quanto à preservação das baleias são polêmicas. Um exemplo foi a permissão do abate dos animais para finalidades científicas em 1987, um ano após a comissão baleeira proibir a caça comercial.
A liberação é vista por muitos como um esquema para encobrir a caça furtiva, dado às altas taxas de indivíduos mortos e o fato de a carne dos animais ser vendida para a indústria alimentícia. Em maio do ano passado, caçadores japoneses assassinaram mais de 100 baleias-minke grávidas em uma de suas pesquisas de campo na Antártica. Um relatório enviado à IWC revelou que 333 animais foram mortos pelos pesquisadores asiáticos entre novembro de 2017 e março de 2018.
Junto de Noruega e Islândia, o Japão alega que comer carne de baleia faz parte de sua cultura e que a caça pode ser realizada de maneira sustentável. Ambientalistas e entidades de defesa dos animais discordam, considerando que a caça comercial – amplamente difundida no século XX – foi responsável por aniquilar populações de diversas espécies e deixá-las à beira da extinção.
Outro ponto defendido por especialistas é que só agora, décadas após a proibição do abate, é que algumas populações conseguiram se reestabelecer, como é o caso da baleia-comum (Balaenoptera physalus) e da baleia-cinzenta (Eschrichtius robustus). As duas saíram do patamar de extremo perigo em que se encontravam e desceram um nível na classificação de ameaça da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
O Ministério do Meio Ambiente lamentou a saída do Japão da comissão baleeira. Em nota, o órgão defendeu que “tal medida ignora a posição majoritária dos países e representa um grande retrocesso no cenário global”.
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