Setor agrícola é o que mais consome água no Brasil
Agropecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foram as atividades econômicas que mais consumiram água em 2015 no Brasil. Foram retirados 3,2 milhões de hectômetros cúbicos (hm³) de água para distribuição e uso próprio das famílias e atividades econômicas. Um hectômetro cúbico equivale a 1 milhão de metros cúbicos, enquanto um metro cúbico representa mil litros. Os dados são da pesquisa inédita “Contas Econômicas Ambientais da Água (Ceaa)” do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em março deste ano.
Realizado em parceria com a Agência Nacional de Águas (Ana), Ministério do Meio Ambiente e Agência Internacional de Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, o estudo seguiu os moldes do Sistema de Contabilidade Econômico-Ambiental para Água das Nações Unidas. O objetivo foi equacionar a disponibilidade e a demanda hídrica de cada setor econômico em escala nacional.
Segundo o levantamento, em média, o Brasil destina pouco mais da metade de seus recursos hídricos para a economia. Em 2015, o total de água disponível na superfície do país era de 6,2 trilhões de m³, o dobro da quantidade retirada no mesmo ano para financiar atividades econômicas. Por habitante, isso equivale a mais de 30 mil caixas d’água de mil litros. Em 2013, o total de recursos hídricos era de 7,4 trilhões de m³; em 2014, de 7,6 trilhões de m³.
O setor de eletricidade e gás é um dos grandes captadores de água. Em 2015 ele foi responsável por 97,3% do recurso extraído, em função da operação das hidrelétricas brasileiras, porém nessa atividade a quantidade de água retirada é igual à devolvida para a natureza. Por isso, a modalidade é tida como não consuntiva, ou seja, não consumidora. As atividades de saneamento também consomem grande teor de água, mas entram na mesma categoria do setor elétrico.
Excluindo os dois setores, as atividades que mais captaram água diretamente da natureza foram agricultura e pecuária (32,5 bilhões de m³); captação, tratamento e distribuição da água (17,1 bilhões de m³); e indústria de transformação e construção (6,1 bilhões de m³).
O setor agropecuário ainda é o que mais consome água para agregar valor ao Produto Interno Bruto (PIB), em função de atividades como a de irrigação. Para gerar R$ 1,00 à economia brasileira, o setor precisa consumir 91 litros de água, cerca de 90 vezes mais que o setor de eletricidade (1,18L/R$). Enquanto isso, as indústrias de transformação gastam 3,7 litros de água e as extrativas 2,5 litros para gerar cada real.
Já as famílias brasileiras utilizaram 68% da água proveniente da distribuição e 78% da água aplicada aos serviços de esgoto. O uso per capita de água pelas famílias foi de 108,4 litros/dia em 2015, contra 114 litros/dia de 2014 e 111 litros/dia de 2013. Estima-se que a queda no consumo diário por pessoa no período foi devido à crise hídrica e econômica.
Estoques
São caracterizados como ‘acréscimos’ o adicionamento de água nos estoques naturais através das chuvas, dos rios com nascentes fora do Brasil e do retorno da água utilizada. Os ‘decréscimos’ significam a perda de água, como o consumo, a transpiração das plantas, a evaporação e a saída de água dos rios para o mar ou para outros países. Em relação aos acréscimos, os estoques superficiais brasileiros receberam 3,1 milhões de hm³ de volume de água em 2015. A quantidade foi proveniente de rios de outros países e das chuvas.
Já o consumo, medido pela água utilizada menos a que volta para o meio ambiente, foi de 30,6 mil hm³. O retorno total da água para o ambiente (sem contar com as atividades não consuntivas) foi de 26,98 bilhões de m³.