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Bacia do rio Doce é contaminada por esgoto

Bacia do rio Doce é contaminada por esgoto
Córrego contaminado por esgoto em Vargem Alegre / Crédito: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

Com 879 quilômetros de extensão, o rio Doce percorre 200 municípios mineiros. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (Snirth), apenas 10 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) estão em funcionamento. Outras 54 estão previstas desde 2013, mas ainda não saíram do papel ou foram parcialmente construídas e abandonadas.

A contaminação por efluentes industriais não é a única ameaça aos recursos hídricos da região. Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH – Doce), 80% do esgoto doméstico gerado pelas cidades ao longo da bacia não recebem tratamento, sendo lançados in natura nos cursos d´água.

Em Governador Valadares, maior cidade da bacia, todo esgoto coletado é despejado diretamente no rio. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto informou que o município possui um Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) em execução. Porém desde 2013 os moradores aguardam a construção de duas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) previstas no plano.

No Vale do Aço, a população de Vargem Alegre sofre com o esgoto a céu aberto. Um antigo curso d’água se tornou um reduto de esgoto totalmente insalubre, conhecido como ‘valão’. O córrego perpassa moradias e, ao longo de seu caminho, recebe outras fontes de esgoto e até lixo. Durante as chuvas, as águas contaminadas adentram as casas de moradores da região.

No município de Iapu, banhado pelo rio Caratinga, a ETE estimada em R$ 5 milhões está completamente abandonada desde 2015. Até hoje ela não tratou uma gota de esgoto. As estruturas de processamento e purificação dos resíduos estão cobertas por mato e as janelas estão quebradas. Com isso, todos os resíduos domésticos que chegam por uma rede mista, que coleta água de chuvas e esgoto, acabam sendo despejados no córrego Estêvão, afluente do Caratinga.

Vista grossa

Em 29 de dezembro do ano passado, o presidente Michel Temer, através do Decreto 9.254/2017, esticou para 2019 o prazo para que as administrações municipais definam seus Planos Municipais de Saneamento Básico. Com a medida, as prefeituras que não têm projetos para coleta e tratamento de lixo e esgoto continuarão recebendo a verba destinada a este fim. Segundo o Ministério das Cidades, apenas 231 (27%) dos 853 municípios mineiros concluíram o plano.

Desde 2010 as prefeituras têm se beneficiado com a prorrogação de prazos, pois recebem a verba, mas não instituem ações para tratar o esgoto a céu aberto e reparar falhas no abastecimento de água. Nesses quase oito anos, o prazo já foi alongado três vezes.

Com informações do Estado de Minas