Notícias

Puma do leste é declarado oficialmente extinto

Puma do leste é declarado oficialmente extinto
O leão da montanha é um dos primos do puma do leste

Após décadas sem ser visto, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos (USFWS, sigla em inglês) declarou o puma do leste (Puma concolor couguar) oficialmente extinto. A mudança no status do felino entrará em vigor a partir de 22 de fevereiro. De acordo com o órgão, mais de 100 pesquisas indicam que a espécie desapareceu há pelo menos 70 anos. Acredita-se que o animal foi extinto pela perda de habitat, ocasionada pela expansão da pecuária, e a caça furtiva. O puma era considerado uma ameaça aos rebanhos.

Os últimos registros do animal ocorreram em 1938, no Maine, e 1932, em New Brunswick. Entre 2011 e 2015, o USFWS analisou o status do puma, mas na ausência de provas credíveis sobre a aparição do felino, concluiu a impossibilidade de recuperação da espécie.

Segundo comunicado oficial, as supostas aparições do animal se tratam de equívocos. Os pumas que ocorrem no leste da América do Norte são outras subespécies que se dispersaram das populações ocidentais. Descendentes do puma oriental, apenas os pumas do oeste e as panteras da Flórida ainda vivem em números suficientes para manter as populações reprodutoras.

Antropização: a ação do homem na natureza

Não é de hoje que cientistas alertam sobre a extinção de espécies por causa das ações do homem. Em artigo publicado na Nature Ecology & Evolution em 2017, pesquisadores demostraram como o consumo exacerbado em nações mais desenvolvidas ocasionam a perda de biodiversidade em outros pontos do globo. O resultado da pesquisa foi um mapa que conectou o consumo a hotspots (pontos com alta biodiversidade ameaçados) impulsionados pela produção em escala global.

Para isso foram cruzados dados de 15 mil indústrias – sobre suas atividades e mercados consumidores – com dados sobre biodiversidade. Também foram mapeados locais do planeta onde há quase 7 mil espécies ameaçadas, estabelecendo sua conexão com a cadeia de consumo dos EUA, União Europeia, China e Japão.

No Brasil, o Cerrado foi o bioma apontado como o mais afetado pelo mercado dos EUA, sobretudo pelas atividades agropecuárias. De acordo com os pesquisadores, o bioma está mais ameaçado do que a Amazônia, pois está localizado no sul e sudeste do país, zona onde há maior desenvolvimento industrial e práticas agropecuárias extensivas. Para implantação de pastagens e indústrias, amplas áreas são desmatadas, destruindo habitats de centenas de animais.

O lince-ibérico, por exemplo, felino que vive na Espanha e em Portugal, está perdendo seu habitat devido à produção do azeite de oliva. Em Papua Nova Guiné, a extração de ouro destinado ao Japão contribui para a vulnerabilidade do dugongo, um mamífero marinho da ordem do peixe-boi. Marrocos está perdendo as populações da libélula Calopteryx exul por causa do uso intensivo de água para produção de tomate e cítricos.O macaco-aranha-preto é diretamente ameaçado pela produção de café brasileira, que atende à demanda americana. Ele é classificado como espécie vulnerável na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

“Precisamos ver de onde importamos e onde estão as espécies ameaçadas. Nosso mapa pode ajudar as empresas a fazerem uma cuidadosa seleção dos seus insumos e assim aliviar os impactos sobre a biodiversidade”, destacou Keiichiro Kanemoto, um dos autores do estudo. Segundo o pesquisador, se as empresas oferecerem informações em seus produtos sobre as ameaças às espécies, os consumidores poderão escolher produtos que impactam menos a biodiversidade.