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Espécie recém-descoberta de felino ganha programa de conservação

Espécie recém-descoberta de felino ganha programa de conservação
Gato-do-mato-pequeno na natureza / Crédito: Projeto Caatinga Potiguar (UFRN-WCS)

No Brasil habitam cerca de oito felinos diferentes, dentre eles o gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus). Ele é um dos menos conhecidos e mais ameaçados, classificado como em perigo de extinção pela Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção e vulnerável pela Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).

As populações do Nordeste, Norte e Centro-Oeste foram recentemente descritas como uma espécie distinta, Leopardus emiliae, o que torna ainda mais urgente as ações para a conservação desta nova, endêmica e desconhecida espécie.

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte instituiu um programa de conservação do gato-do-mato-pequeno. Desde 2013, eles estudam a distribuição da espécie e suas principais ameaças.

Agora, as pesquisas serão desenvolvidas no Furna Feia, o primeiro e único parque nacional do Rio Grande do Norte, criado em 2012. A unidade possui 8.517,63 hectares e está localizada entre os municípios de Baraúna e Mossoró. O Furna Feia protege fragmentos de Caatinga e detêm um valioso patrimônio espeleológico e arqueológico.

O fundo filantrópico The Mohamed Bin Zayed Species Conservation Fund vai custear os estudos. O financiamento prevê ações que subsidiarão o Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Pequenos Felinos do ICMBio e o Plano de Manejo do Parque Furna Feia. Pretende-se desenvolver estratégias de conservação da espécie, estudos que avaliem o status populacional e ocorrência do felino.

Gato-do-mato-pequeno

Quatro subespécies desse animal são reconhecidas: L. tigrinus, do norte do Brasil, das Guianas e da Venezuela oriental; L. pardinoides, do oeste da Venezuela, Colômbia, Equador e Peru; L. guttulus, do sul do Brasil, Paraguai e norte da Argentina e L. Oncillus, da Costa Rica.

Essa espécie pode ser encontrada em áreas agrícolas, como produções de café, cana-de-açúcar, soja, milho e pequenas pastagens, desde que ainda exista vegetação natural. É considerado o menor felino silvestre do Brasil. Possui porte e proporções corporais semelhantes ao gato doméstico e pesa em media 2,5 kg.

Realiza suas atividades tanto de dia, quanto à noite. A maioria de seus hábitos é terrestre, mas também possui desenvoltura para escalar árvores. Suas práticas são solitárias, típicas dos demais felinos. O período gestacional gira em torno de dois a três meses, do qual pode nascer uma ninhada de um a quatro filhotes, em qualquer época do ano. Sua dieta é composta de mamíferos bem pequenos, incluindo algumas aves e répteis. Em alguns casos também se alimenta de cutias e pacas.