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Ambientalistas se vestem de preto para o velório das árvores queimadas

Ambientalistas se vestem de preto para o velório das árvores queimadas
Velório das árvores queimadas no Parque Rola Moça / Crédito: Amda

Em luto pelas florestas, a Amda realizou, em parceria com o Instituto Casa Branca (ICB), o velório das árvores queimadas no Parque Estadual da Serra do Rola Moça. A mobilização ocorreu na última sexta-feira (22) com intuito de alertar motoristas e passageiros que visitam ou atravessam a rodovia que corta a unidade de conservação sobre os riscos de incêndios e cobrar providências do governo no que se refere à infraestrutura para combate e prevenção dos mesmos.

O ano de 2017 pode entrar para a história como recordista em incêndios florestais em Minas Gerais. Desde o início de setembro, não houve um só dia sem ocorrência de fogo no Vetor Sul de BH em torno do Rola Moça. A Amda estima que as queimadas destruíram um quarto do parque.

Na sexta, a entrada da UC se transformou em um cemitério, com diversas cruzes feitas com galhos destruídos pelos últimos incêndios. Ambientalistas, brigadistas e voluntários se vestiram de preto para o velório das árvores queimadas. Quem passou pelo local recebeu um lixo car e folder sobre as causas dos incêndios e instruções para fazer denúncias e alertar os órgãos competentes. Cerca de 300 pessoas foram abordadas.

A entidade reconhece melhorias na estrutura do estado, como o PrevIncêndio, criação do Bemad (Batalhão de Emergências Ambientais do Corpo de Bombeiros) e contratação de brigadistas para o período seco, mas considera que são medidas insuficientes para proteger os remanescentes florestais de Minas. “A política de prevenção e combate a incêndios ainda é muito frágil. Enquanto o poder público federal, municipal e estadual não encararem os incêndios florestais como inaceitáveis, essa situação vai perdurar. Se estamos vivenciando essa estrutura deficitária aqui na capital, imagina nas outras UCs pelo estado”, critica Dalce Ricas, superintendente da Amda.

A mobilização também alertou para a quantidade de lixo jogado nas margens da estrada que atravessa o parque, ligando a BR-040 ao distrito de Casa Branca, em Brumadinho. Aos finais de semana, o tráfego na rodovia aumenta consideravelmente, chegando a milhares de veículos que se dirigem ao próprio parque, a Casa Branca, aos diversos condomínios que lá existem, sítios e ao Inhotim.

Durante 30 dias, funcionários do parque recolheram os mais diversos tipos de resíduos: garrafas, latinhas, vidro, peças de carros, embalagens plásticas e até mesmo roupas e panos, alocados em 22 sacos de lixo de 50 litros cada.

Gael Nunes, de oito anos, participou da ação e não se conforma com tanto descuido com a natureza. “Meu coração dispara quando uma pessoa joga lixo na mata. Eu não gosto de ver lixo na floresta. Pra mim isso é uma cena triste”, comentou.

Diversas faixas cobravam medidas de prevenção e proteção às unidades de conservação, e devolução dos recursos da compensação ambiental, sequestrados no governo Anastasia e mantido pelo atual governo.