Audiência pública na ALMG debaterá conflito com a fauna silvestre urbana
O que fazer quando se chega em casa e se depara com um lobo guará apavorado, acuado e escondido na garagem? Pode parecer impossível, mas não é. Em 2014 um escondeu-se dentro do Corpo de Bombeiros em São Sebastião do Paraíso. Sorte de ele ter escolhido o local, pois foi resgatado e levado para o mato. O mesmo pode acontecer com cobras, gambás, corujas, micos, quatis e outras espécies. O assunto será debatido nesta quinta-feira (03), às 14h30, em Audiência Pública na ALMG convocada pela Comissão de Proteção de Direito dos Animais, presidida pelo deputado Noraldino Júnior.
Grande parte das espécies da fauna silvestre desaparece com a destruição ou degradação de seus habitats. Mas algumas, mais “plásticas”, perceberam a chance de viver perto dos humanos pela disponibilidade de alimentos. O maior número é de pássaros, representado por gaviões, corujas, bem-te-vis, alma-de-gato, maritacas, sabiá-uma, saíra amarela e outras. Entre os mamíferos, gambás e micos são os mais ocorrentes. Dezenas são resgatados anualmente pelo Ibama ou PMMA, mas muitos são mortos pelas pessoas.
A convivência tem dois lados: o canto dos sabiás na época de reprodução, os bandos de maritacas sobrevoando a cidade é um encanto para muitos; ver os quatis do Parque das Mangabeiras de pertinho é uma festa para todos, principalmente crianças. Mas o outro lado é complicado: micos invadem casas em busca de alimentos e podem ser agressivos. Quatis reviram lixo e não temem as pessoas.
A população reclama. A destruição dos habitats continua, principalmente pelo crescimento urbano. O poder público é omisso; os órgãos ambientais e a PMMA enfrentam dificuldades extremas de infraestrutura, e o problema vai sendo empurrado ano a ano, com danos para ambos os lados: animais e sociedade.
“Não há como retirar todos os animais incômodos. Amenizar depende muito da população, principalmente no que se refere a não jogar lixo em qualquer lugar. Proteger os ambientes naturais que restaram em torno da cidade deveria ser também prioridade do poder público, visando evitar a migração de mais animais. Informar e orientar a população, capacitar a PMMA e os órgãos ambientais são medidas necessárias para amenizar o problema”, diz a superintendente da Amda, Dalce Ricas.