Brasil não se esforça para preservar espécies da flora ameaçadas de extinção

Há cerca de 2 mil espécies ameaçadas de extinção na flora brasileira. Dessas, apenas 26 estão devidamente preservadas em bancos de sementes. Essa é a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores do Departamento de Botânica do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.
O levantamento revela como o Brasil não tem reunido esforços para cumprir a Convenção da Diversidade Biológica, assinada por mais de 200 países em 1998. Nesse tratado internacional, os signatários se comprometeram a armazenar, até 2020, 75% de exemplares da flora de suas nações ameaçadas de extinção. A meta brasileira era ter 1,5 mil das espécies em risco preservadas, mas, atualmente, se conserva apenas 1,7% delas.
“Pesquisamos em bancos de várias partes do país, e percebemos que a maioria das sementes armazenadas é formada de espécies de interesse agronômico. Falta uma política pública para conseguir implementar, em nível nacional, a meta para cumprirmos o tratado internacional”, afirma o professor e pesquisador Fernando Silveira, do Departamento de Botânica do ICB.
Na lista das 26 espécies listadas (presentes em bancos do Brasil e no Millennium Seed Bank, da Inglaterra) estão árvores bem conhecidas, como o mogno e o pau-brasil, como também espécies raras de orquídeas e bromélias.
Minas é o estado onde há o maior número de espécies ameaçadas de extinção relacionadas pelo Ministério do Meio Ambiente. Por aqui, 708 plantas correm risco de desaparecer.
“O Cerrado é um bioma pouco protegido e está sofrendo com a expansão de plantações e pastos e, especialmente, com a mineração. O grande problema é que muitas espécies só existem em um determinado local e pouco sabemos sobre elas”, explica Silveira.
O pesquisador observa que a preservação das espécies, mesmo que raras, é fundamental para que o ecossistema de uma microrregião não seja abalado. Os bancos funcionam como uma “Arca de Noé”, guardando sementes dos exemplares que possam desaparecer em caso de desastre natural, como o ocorrido em Mariana, na região Central de Minas, em 2015.
“Propomos uma rede de colaboração entre pesquisadores, órgãos governamentais e jardins botânicos para efetivamente aumentarmos o número de sementes nos bancos”, diz.
Com informações do Hoje em Dia