População de pinguins-de-adélia é maior do que estimativa
Um novo levantamento pode ajudar a proteger os pinguins-de-adélia (Pygoscelis adeliae), que habitam o leste da Antártida. Cientistas descobriram que há mais exemplares do que o estimado. Cerca de 6 milhões de aves vivem nos 5 mil quilômetros da costa leste do continente gelado.
A estimativa inicial era que havia cerca de 2,4 milhões de pinguins da espécie na área analisada, porém o estudo revelou que o número era 3,6 milhões maior do que o esperado. Os pesquisadores estimaram a população global entre 14 e 16 milhões de pinguins.
O estudo realizado por uma equipe australiana, francesa e japonesa utilizou métodos aéreos e terrestres, como etiquetagem, revisão de dados e análise de imagens de vídeos ao longo de várias épocas da reprodução, o que lhes permitiu chegar ao novo número.
Segundo a especialista em ecologia de aves marinhas Louise Emmerson, da Divisão Australiana da Antártida, anteriormente a estimativa só havia levado em conta os casais reprodutores. “As aves que não são reprodutoras são mais difíceis de contar, porque estão longe, procurando comida no mar ao invés de fazerem ninho em colônias na terra”, explicou.
“No entanto, nosso estudo no leste da Antártida mostrou que os pinguins-de-adélia não reprodutores podem ser tão abundantes, ou mais, que os reprodutores. Essas aves são uma importante reserva de futuros reprodutores e estimar o seu número permite que tenhamos um maior entendimento das necessidades alimentares de toda a população”, disse Emmerson.
O levantamento tem implicações para a conservação marinha e terrestre. Com os registros, é possível estimar, por exemplo, a quantidade de krills e peixes necessários para alimentar a população dos pinguins.
“Estima-se que cerca de 193 mil toneladas de krill e 18,8 mil de peixes são consumidos por pinguins-de-adélia durante a época de reprodução”, afirmou Emmerson. A Comissão de Conservação de Recursos Marinhos da Antártida pretende usar essa informação para limitar a pesca de kriil.
Os pinguins-de-adélia foram descobertos em 1840 pelo explorador francês Jules Dumont d’Urville, que nomeou a espécie em homenagem à esposa. Embora abundantes, eles enfrentam ameaças devido às mudanças climáticas, ao recuo do gelo no mar e o declínio da população de krills, segundo a ONG WWF.
