Impacto das mudanças climáticas nos animais é subestimado

As mudanças climáticas já estão afetando quase metade dos mamíferos ameaçados de extinção e um quarto das aves. O número é muito maior do que se pensava antes.

Pesquisa publicada na última semana na revista científica “Nature Climate Change” reuniu dados de 136 estudos anteriores que analisaram 120 espécies de mamíferos e 569 de aves. Os pesquisadores compararam as mudanças no clima documentadas com o crescimento ou declínio no tamanho das populações, as extensões geográficas, a massa corporal e as taxas de reprodução e sobrevivência.

A equipe então extrapolou os dados para todos os mamíferos terrestres e aves listados como ameaçados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Os cientistas descobriram que, das 873 espécies de mamíferos listadas, 414 (47%) provavelmente “responderam negativamente” às mudanças climáticas, assim como 298 (pouco mais de 23%) das 1.272 espécies de aves.

Entre os mamíferos mais afetados estão os marsupiais, junto com os elefantes e macacos. Muitos haviam evoluído em áreas tropicais estáveis que agora estão se tornando mais voláteis devido às mudanças climáticas.

Em relação às aves, muitas das espécies mais atingidas viviam em ambientes aquáticos, que são considerados entre os mais vulneráveis ao aumento da temperatura, de acordo com os pesquisadores.

Somente 7% dos mamíferos e 4% das aves identificados pelo estudo eram reconhecidos pela IUCN como ameaçados por “mudanças climáticas e condições climáticas severas”, disseram os pesquisadores.

De acordo com o coautor do estudo, James Watson, da Wildlife Conservation Society, “algo significativo precisa acontecer agora para parar o processo de extinção das espécies”. “As mudanças climáticas não são mais uma ameaça futura”, acrescentou.

“Recomendamos que os esforços de pesquisa e conservação deem mais atenção ao ‘aqui e agora’ dos impactos das mudanças climáticas na vida na Terra”, escreveram.