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Trump derruba veto a oleodutos polêmicos

Em apenas quatro dias como novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump já dá sinais claros que o meio ambiente não é prioridade. Ele já assinou decretos que prejudicam o clima, terras indígenas e licenciamento ambiental.

Dois decretos – chamados nos EUA de “ordens executivas” – retiram o veto à construção de dois polêmicos oleodutos que permitirão o refino de petróleo extraído de fontes não-convencionais. A primeira ordem assinada por Trump diz respeito ao oleoduto Keystone XL. O objetivo da tubulação de 2.700 quilômetros – pouco menos que a distância entre São Paulo e Belém – é trazer por dia 830 mil barris de betume do Canadá para serem refinados e exportados em Houston, no Texas.

Segundo reportagem do Observatório do Clima, o betume é extraído das areias betuminosas de Athabasca, na Província de Alberta, e é considerado o combustível fóssil mais sujo do planeta. Sua produção envolve não apenas a destruição do ecossistema local, de antigas florestas boreais, mas também gastos enormes de energia para separar o petróleo superpesado da areia – o processo consiste basicamente em dar um banho de vapor nesta última até derreter o petróleo.

A abertura à exportação do petróleo canadense tem potencial de emitir 8,4 bilhões de toneladas de CO2 a mais durante o tempo de vida do projeto (mais de quatro vezes tudo o que o Brasil emite por ano), o que dificultaria o cumprimento da meta do Acordo de Paris de estabilizar o aquecimento global em menos de 2ºC.

Em 2015, 90 cientistas e economistas e dez vencedores do Prêmio Nobel da Paz mandaram cartas ao presidente Barack Obama pedindo que vetasse a obra – o que ele fez, no fim daquele ano.

Trump também determinou ao Batalhão de Engenharia do Exército que revise e aprove o quanto antes o plano de construção do oleoduto Dakota Access. Essa rede de tubos levará petróleo extraído por “fracking” no folhelho Bakken, formação rochosa rica em óleo na Dakota do Norte, no noroeste do país, até Illinois, no Meio-Oeste, cruzando a terra indígena Standing Rock, dos sioux, e passando por baixo do rio Missouri, única fonte de água da tribo. O projeto foi alvo de embates de índios e ambientalistas, que acamparam na frente da obra para impedir a construção e foram violentamente reprimidos pela polícia. A construção foi suspensa em dezembro.

O terceiro decreto assinado pelo presidente acelera o licenciamento ambiental para obras de infraestrutura de interesse do governo. É a versão americana do “licenciamento a jato” que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) tentou aprovar no Brasil, até aqui sem sucesso.