Notícias

Férias sem prejudicar as tartarugas marinhas

Férias sem prejudicar as tartarugas marinhas
Crédito: Divulgação/ICMBio

A cada mil filhotes, apenas um ou dois conseguem atingir a maturidade. Janeiro é época de reprodução das tartarugas marinhas, que têm que lidar com as ameaças das férias de verão, quando as praias brasileiras ficam lotadas e os perigos à espécie aumentam consideravelmente.

Pensando em uma espécie de guia informal para proteger o momento de renovação do ciclo da vida das tartarugas, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas (Tamar), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, alerta a população sobre cuidados essenciais para proteger as tartarugas e seus ninhos.

Veículos

Além de ser uma ameaça aos banhistas, o trânsito de veículos nas praias de desova, incluindo carros, caminhonetes e quadriciclos podem compactar ninhos de tartarugas, atropelar filhotes e ainda afugentar as fêmeas durante a desova. Embora comum, a atividade é ilegal, conforme estabelece a portaria n° 10, de 30 de janeiro de 1995, editada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Capturas incidentais

Outro fato preocupante é a captura incidental de tartarugas marinhas pelos barcos de pesca, atividade que ocorre o ano todo, mas aumenta no verão em função da demanda pelos produtos pesqueiros.

As capturas incidentais ocorrem, principalmente, por redes de emalhe, espinhéis pelágicos (longline) e redes de arrasto para peixes e camarão. Impedidas de subir à superfície para respirar, as tartarugas acabam desmaiando e morrendo afogadas. A pesca artesanal, tradicional em algumas regiões do país, como em Ubatuba, no litoral de São Paulo, também captura tartarugas incidentalmente.

Luz artificial

Outra preocupação do Tamar é com a incidência de luz artificial nas praias, resultado da expansão urbana sobre o litoral, que prejudica fêmeas e filhotes. O fenômeno é ainda maior no verão pela presença maciça de carros com faróis ligados em regiões de beira-mar. Se a praia está iluminada inadequadamente, as fêmeas deixam de desovar.

Os filhotes, por sua vez, ficam desorientados. Ao invés de seguirem para o mar, guiados pela luz do horizonte, caminham para o continente, atraídos pela iluminação artificial. Eles podem ser atropelados, devorados por predadores como cães e raposas, ou morrerem de desidratação.

Poluição

A poluição das águas por elementos orgânicos e inorgânicos, como lixo e esgoto – outra ameaça às tartarugas marinhas – cresce no verão. Esse tipo de poluição interfere na alimentação, locomoção e prejudica o ciclo de vida da espécie. Esta é uma das principais ameaças, pois degrada o ambiente marinho como um todo.

A ingestão de plástico e outros resíduos está relacionada aos hábitos alimentares das tartarugas marinhas. As espécies que não perseguem suas presas, como a tartaruga-verde (Chelonia mydas), estão mais sujeitas ao problema. A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), que se alimenta principalmente de águas-vivas, também é um alvo fácil, já que se confunde com os plásticos transparentes deixados na praia e que acabam sendo levados para o mar. Restos de redes e linhas de pesca abandonados também são perigosos, pois permanecem no ambiente, matam indiscriminadamente e desnecessariamente não só as tartarugas marinhas, mas também outros animais.

Com informações do ICMBio