Primeiro Santuário de Elefantes da América Latina recebe primeiros moradores
O primeiro Santuário de Elefantes da América Latina, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, já abriga suas primeiras moradoras. Maia e Guida foram tiradas de suas famílias ainda bebês, na Ásia, e passaram mais de 40 anos trabalhando em circos. Os animais chegaram à reserva no dia 11 de outubro.
Em 2010, as elefantas foram libertadas das apresentações no picadeiro do Circo Internacional Portugal, pertencente à Portugal Produções Artísticas. Os animais foram enviados para a propriedade de Giuliano Vettori, advogado do circo, em Paraguaçu, Minas Gerais.
No sítio, entretanto, foram constatadas irregularidades. Maia e Guida ficavam acorrentadas, sem sombra, cobertura, nem alimentação adequadas. Na época, o Ministério Público entrou em contato com a ONG Internacional Global Sanctuary for Elephants (Santuário Global dos Elefantes) para que pudesse acolher as elefantas.
Santuário
O Santuário de Elefantes Brasil (SEB) será o sexto do mundo, numa área de 1.100 hectares que, antes, eram dedicados à criação de gado de corte. Isso será possível graças ao trabalho de duas organizações internacionais: Global Sanctuary for Elephants (GSE), do Tenessee, EUA, e ElephantVoices.
Junia Machado, representante da ElephantVoices no Brasil, se uniu à Scott Blaiss – que tem mais de 20 anos de experiência no manejo de elefantes africanos e asiáticos em zoos, circos e em santuários e é o fundador da GSE – para tocar o projeto.
O Brasil foi escolhido para abrigar o santuário por diversos motivos. “Desde 2010, a ElephantVoices, através da ElephantVoices Brasil, monitorava os cerca de 30 elefantes mantidos em cativeiro no país e trabalhava com legisladores para aprovação de uma lei nacional para proibir o uso de animais em circos. Hoje, 11 estados brasileiros já têm leis nesse sentido e será necessário um local para receber os animais quando a lei nacional for implementada. Além disso, a América do Sul caminha na mesma direção, tendo cinco países com leis nacionais implantadas. Soma-se a isso, o fato de que o país tem regiões com excelente clima, como é o caso da escolhida, e muita diversidade de vegetação”, explica Junia.
É importante destacar que a reserva não será aberta à visitação pública. Os elefantes terão contato apenas com tratadores, veterinários e especialistas. Todos são animais que viveram muitos anos em cativeiro – circo ou zoológico – e sofreram maus tratos. Alguns, como as elefantas Maia e Guida, ficaram encarceradas por mais de 40 anos e, agora, finalmente, terão um local digno para viver. Outros animais estão muito debilitados e até sofrem de distúrbios mentais. Por isso, precisam ficar em paz com o meio ambiente, com o mínimo de contato humano.
Além de abrigar os elefantes e os animais que já vivem na área, o santuário será utilizado para a reintrodução de animais silvestres, como a anta, e servirá de objeto de estudos científicos.