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Atual extinção de animais marinhos pode ser a pior da história

Atual extinção de animais marinhos pode ser a pior da história
Baleia-azul

O atual processo de extinção em massa nos oceanos pode destruir tanta biodiversidade quanto a do fim da Era dos Dinossauros, com a diferença de que hoje os principais afetados são os animais maiores, cuja ausência traz repercussões catastróficas para os ecossistemas. O alarme foi feito por pesquisadores dos Estados Unidos, que compararam os desaparecimentos atuais com os grandes episódios de sumiço de espécies do passado.

“É claro que sabemos há tempos que animais marinhos de grande porte, como as baleias, estão ameaçados. O que fizemos nesse estudo foi dar um passo atrás, tentar enxergar os padrões gerais do que está acontecendo hoje e compará-los com as grandes extinções do passado”, explica Andrew Bush, da Universidade de Connecticut e um dos autores da pesquisa.

A equipe se concentrou em uma base de dados de 2.497 gêneros modernos e extintos de vertebrados e moluscos marinhos. Gêneros são grupos de seres vivos um pouco mais abrangentes do que espécies.

Alguns gêneros incluem apenas uma espécie, outros incluem várias. Como nem sempre é fácil saber a qual espécie um fóssil pertencia – seria como distinguir leões e tigres com base apenas nos ossos -, usar os gêneros como base permite uma comparação melhor entre extinções do passado e do presente.

Os pesquisadores criaram dois cenários. No mais otimista, apenas os gêneros que já integravam previamente outra lista de espécies ameaçadas foram apontados como “em risco”, enquanto os demais (a maioria) estariam seguros. No outro cenário, mais pessimista, todos os que estão sob risco hoje vão sumir.

Mesmo no cenário mais otimista, 20% dos vertebrados marinhos desapareceriam, embora os moluscos – mariscos, caramujos e polvos, por exemplo – quase não seriam afetados. Na hipótese mais pessimista, porém, que provavelmente também é a mais realista, cerca de 40% de todos os gêneros somem. As principais vítimas são os animais de grande porte, como tubarões, atuns e peixes-espadas, que estão entre os grandes alvos da pesca predatória.

Matemática

Segundo os pesquisadores, a chance de um animal marinho de hoje estar correndo risco de extinção aumenta 13 vezes a cada aumento de dez vezes no seu tamanho, ou seja, peixes que medem 1 metro têm 13 vezes mais probabilidade de estarem ameaçados do que peixes de 10 cm.

Esse padrão inédito é uma péssima notícia, já que animais de grande porte são engenheiros dos ecossistemas. Sua presença evita que bichos menores se multipliquem em demasia, gerando um equilíbrio entre uma diversidade maior de espécies pequenas.

Por exemplo, a população de uma arraia normalmente caçada por tubarões de grande porte do Atlântico Norte explodiu para 40 milhões de indivíduos após o sumiço de 90% dos peixões. As arraias comeram tantos mariscos que a pesca desses moluscos na baía de Chesapeake, nos EUA, entrou em colapso. Se nada for feito, efeitos-dominós como este vão se tornar comuns. “E os primeiros afetados em terra firme serão justamente os seres humanos”, alerta Bush.


Com informações da Folha de São Paulo