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Reprodução em cativeiro tenta salvar a arara-azul-de-lear

Reprodução em cativeiro tenta salvar a arara-azul-de-lear
Arara-azul-de-lear encontra-se na categoria Em Perigo na lista da fauna brasileira / Crédito: Divulgação/ICMBio

Um projeto de conservação pode garantir uma nova chance de sobrevivência para a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), uma das espécies da fauna brasileira mais ameaçadas pelo tráfico internacional de animais silvestres. O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), está coordenando o processo de transferência de araras entre criadouros e zoológicos nacionais e internacionais para a formação de casais e reprodução. A meta é formar 26 casais até 2017. Em seguida, serão feitas solturas para estudos e ampliação da população na natureza.

As aves que serão transferidas são oriundas de mantenedores da espécie em outros países: a Fundação Loro Parque, em Tenerife, na Espanha, e a Lubara Animal Breeding – Al Wabra (AWWP), no Catar. As duas instituições são parceiras do programa de cativeiro coordenado no Brasil pelo Cemave. Para receber as araras e reproduzi-las em cativeiro, o órgão identificou dois novos mantenedores brasileiros com experiência na reprodução de psitacídeos: o Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, no Paraná, e a Fazenda Cachoeira, em Minas Gerais. O programa mantém, atualmente, 133 araras-azuis-de-lear em cativeiro.

Em 25 de fevereiro, foi realizada a maior transferência de indivíduos da espécie já feita na história. A Fundação Loro Parque enviou ao Brasil nove araras-azuis-de-lear nascidas em Tenerife. Elas passaram por um período de quarentena na Estação Quarentenária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Cananéia (SP), e seguiram para o Parque das Aves. Uma delas foi encaminhada para a Fazenda Cachoeira para esperar seu par, que chegou no dia 14 deste mês, junto com mais quatro indivíduos, provindos da Al Wabra, que também serão pareados no Brasil.

O Jardim Zoológico de Belo Horizonte também receberá um exemplar para parear com uma arara nascida no Loro Parque. Outro indivíduo será transferido para o Zoo de São Paulo, que investiu em um centro específico para a reprodução, o Cecfau, inaugurado em junho de 2015. “Foi no Cecfau que nasceu a primeira arara-azul-de-lear em cativeiro no Brasil. Justamente ela é a que será pareada com um indivíduo juvenil vindo do Oriente Médio. Ela já tem seis irmãos nascidos em 2016”, informa a analista ambiental Camile Lugarini, do Cemave.

Arara-azul-de-lear

A arara-azul-de-lear encontra-se na categoria Em Perigo (EN) na lista da fauna brasileira ameaçada de extinção (Portaria MMA nº 444/2014). Levantamentos realizados pelo Cemave indicam a existência de apenas cerca de 1.360 exemplares vivendo livres na caatinga baiana, seu habitat exclusivo.

Entre as principais ameaças à espécie estão a captura para comércio ilegal e destruição de seu habitat. A ave se alimenta, principalmente, de coquinhos da palmeira licuri (Syagrus coronata), cuja disponibilidade vem sendo reduzida pela atividade humana. Assim, as aves acabam atacando plantações de milho de subsistência, gerando conflitos com moradores locais.

Com informações do ICMBio