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Brasil é o país mais perigoso para ambientalistas

Pelo 5º ano consecutivo, o Brasil é classificado como o país mais violento para os ambientalistas. Segundo levantamento da ONG britânica Global Witness, apenas em 2015 foram registradas 50 mortes no país. Os estados mais violentos são Rondônia e Pará, com 20 e 19 mortes, respectivamente.

No total, 185 pessoas foram assassinadas no ano passado defendendo o meio ambiente em 16 países, o que representa um aumento de quase 60% na comparação com o ano anterior, o período mais violento da história.

Além do Brasil, outros países que aparecem na parte de cima da lista são as Filipinas, com 33 assassinatos, seguida por Colômbia (26), Peru (12), Nicarágua (12) e República Democrática do Congo (11).

De acordo com a Global Witness, 67 ecologistas assassinados no ano passado pertenciam a comunidades indígenas, o que também representa o maior número da história. “Cada vez há mais empresas que invadem a terra dos indígenas e silenciam os que se opõem a seus planos de extrair recursos minerais”, adverte a ONG.

As indústrias de extração e mineração estão relacionadas com a maior parte dos assassinatos de 2015, com 42 casos – aumento de quase 70% desde 2014. Estimativas indicam que 80% da madeira extraída no Brasil seja fruto de operações ilegais – isso representaria 25% da madeira ilegal no mercado mundial, cujos maiores compradores são os Estados Unidos, a China e o Reino Unido.

“Os assassinatos que ficam impunes em remotas áreas de mineração ou no interior das florestas tropicas são impulsionados pelas escolhas que os consumidores estão fazendo do outro lado do mundo”, disse Billy Kyte, um dos autores do estudo.

Indígenas

Em 2015, 40% das vítimas contabilizadas em todo o mundo eram indígenas. O relatório da Global Witness aponta como principais responsáveis pelas mortes no campo a indústria de minérios (responsável por 42 assassinatos), o agronegócio (responsável por 20), a extração de madeira (responsável por 15) e as usinas hidroelétricas (responsável por 15).

“O frágil direito à terra e o seu isolamento geográfico fazem com que esse grupo seja um alvo frequente da apropriação ilegal de terras e de recursos naturais”, pontua a entidade no documento. A ONG lembra ainda que este número pode ser bem maior, já que os casos costumam ser subnotificados.

Medidas urgentes

Na conclusão do relatório, a Global Witness faz um apelo para que os países que aparecem na lista adotem medidas urgentes para combater a violência no campo. Entre elas, estão: aumentar a proteção de ativistas ambientais que correm riscos de violência, intimidação ou ameaças; investigar os crimes, incluindo seus idealizadores corporativos e políticos, assim como os assassinos, e apresentem os autores à Justiça; apoiar o direito dos ativistas de dizer não a projetos em suas terras e assegurar que as companhias busquem o seu consentimento prévio; e solucionar as causas subjacentes da violência contra defensores (as), reconhecendo formalmente os direitos das comunidades a suas terras e combatendo a corrupção e as ilegalidades que assolam os setores de recursos naturais.