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Primeira reserva dedicada a uma espécie aquática é criada em Minas Gerais

Primeira reserva dedicada a uma espécie aquática é criada em Minas Gerais
Crédito: Gláucia Drummond/Fundação Biodiversitas

Minas Gerais vai abrigar a primeira reserva dedicada a uma espécie da fauna de água doce do Brasil. A área fica às margens do rio Carangola, no município de Tombos, na Zona da Mata mineira. A Reserva Ninho da Tartaruga protegerá o cágado-de-hogei (Mesoclemmys hogei), também conhecido como cágado-do-paraíba, um dos 25 quelônios mais ameaçados do planeta.

A Ninho da Tartaruga possui cerca de 100 hectares, adquiridos pela Fundação Biodiversitas com o apoio da Rainforest Trust e da Turtle Survival Alliance, ambas instituições norte-americanas, sendo a primeira voltada para a proteção de florestas tropicais e espécies ameaçadas e a segunda focada na conservação de quelônios ameaçados em todo o mundo.

A reserva abrange seis quilômetros do rio Carangola, protegidos em uma área-chave para conservação do cágado. Além de concentrar uma das últimas populações no rio, o local parece ser também um sítio de nidificação da espécie, segundo a Fundação Biodiversitas.

O animal figura na lista nacional de espécies da fauna ameaçadas de extinção (Instrução Normativa do Ministério do Meio Ambiente, Nº 444 de 14 de dezembro de 2014), sendo o único quelônio de água doce ameaçado no Brasil, com risco de extinção considerado extremamente crítico.

O cágado-do-paraíba está entre as espécies contempladas no Plano de Ação das Espécies Aquáticas Ameaçadas de Extinção da bacia do rio Paraíba do Sul (PAN PS), coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (Cepta) e pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN), ambos vinculados ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Reserva

O primeiro passo para implantação da Reserva Ninho da Tartaruga é adquirir e regularizar as terras. Em um segundo momento, é feito o cercamento, construção de sede, base de pesquisa, casas para auxiliares de campo e outros equipamentos para que o local se transforme em uma referência de pesquisa e educação ambiental.

De acordo com a Biodiversitas, a comunidade local é uma das principais aliadas para o funcionamento da reserva e manutenção da espécie. Os pescadores entenderam a importância da conservação da espécie e definiram áreas de exclusão de pesca no rio Carangola por serem locais de maior concentração dos cágados.

“Nossa intenção é promover a conservação, desenvolver o conhecimento científico e auxiliar a população local a se adequar às novas realidades, por meio de programas de Educação Ambiental, incentivo ao reflorestamento de nascentes, matas ciliares e corpos d’água, difundindo técnicas e métodos que possam ampliar e gerar alternativas de renda e melhoria da qualidade de vida da população da região”, completa Gláucia Drummond, presidente da Biodiversitas.

Entre os parceiros do programa estão o Centro de Estudos Ecológicos e Educação Ambiental e a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) – Campus Carangola (CECO) e o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN), que desde 1992 apoia pesquisas relacionadas à espécie, além de atuar na criação do Comitê Integrado de Proteção ao Cágado.