Qualidade da água é ruim ou péssima em mais de 36% dos rios avaliados em estudo
Levantamento desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica sobre a qualidade da água em 183 rios, córregos e lagos de 11 estados brasileiros e do Distrito Federal revela que 36,3% dos pontos de coleta analisados apresentam qualidade ruim ou péssima. Apenas 13 pontos foram avaliados com qualidade de água boa (4,5%) e outros 59,2% estão em situação regular. Nenhum dos pontos analisados foi avaliado como ótimo. Os dados foram coletados entre março de 2015 e fevereiro de 2016, em 289 pontos de coleta distribuídos em 76 municípios.
Um comparativo feito pela organização levando em conta 125 pontos avaliados tanto no intervalo de 2014-2015 quanto no de 2015-2016 mostram que a porcentagem de locais com água de boa qualidade se manteve estável, a de locais com água de qualidade regular diminuiu e a de locais com água de qualidade ruim ou péssima aumentou.
Neste ano, a cidade de São Paulo perdeu dois pontos que, até 2015, apresentavam qualidade de água boa, localizados em áreas de manancial no Parque dos Búfalos (Represa Billings) e em Parelheiros (Represas Billings/Guarapiranga). A queda nos indicadores está relacionada à pressão por novas ocupações e mudanças nos usos do solo nas áreas de mananciais.
Já o Rio de Janeiro não apresentou nenhum ponto com qualidade de água boa entre os 27 rios avaliados. Dos 30 pontos medidos, 22 (73,3%) estão em situação de alerta com condições regulares – deste total, 16 estão na cidade do Rio de Janeiro.
Essa precária condição dos rios registrada nas regiões sul, sudeste, nordeste e no Distrito Federal, potencializa os problemas relacionados à escassez, à exclusão hídrica e aos problemas de saúde da população. Mais de 70% das doenças que levam a internações hospitalares no país são decorrentes de contato com a água contaminada.
“Esses indicadores reforçam a importância da campanha Saneamento Já, que tem como objetivo engajar a sociedade em uma petição pela universalização do saneamento e por água limpa nos rios e praias brasileiras, e que é também tema da Campanha da Fraternidade 2016. O Plano Nacional de Saneamento Básico postergou a universalização do saneamento no país para 2033, sendo que antes o prazo era até 2020 – em virtude da falta de investimentos no tratamento de esgoto e para acabar com os lixões nos municípios. Isso resulta na precária condição de saneamento ambiental das bacias analisadas, com agravamento dos indicadores de saúde pública e o aumento das doenças de veiculação hídrica”, alerta Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica.