Capivaras voltam para lagoa da Pampulha
Por determinação da Justiça Federal de Minas Gerais, as capivaras que estavam em cativeiro há quase um ano voltaram a habitar a lagoa da Pampulha. A decisão teve como base um laudo que atestava maus tratos aos animais. As capivaras foram apreendidas com a justificativa de que ofereciam risco à população, já que são hospedeiras do carrapato-estrela, que transmite febre maculosa.
Na sentença, a Justiça Federal ressaltou que a manutenção desses animais em cativeiro “antes de representar uma solução para um problema ambiental antigo, revela-se desencadeador de outro mais grave e imediato”. Laudo técnico veterinário da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte apontou “péssimas e cruéis” condições ambientais impostas às capivaras apreendidas. De acordo com o relatório, os animais estariam atravessando a última fase da Síndrome Geral de Adaptação, provocada pelo estresse do cativeiro e que leva ao esgotamento físico e psicológico.
Além disso, a Justiça pontuou que o receio mais relevante, que seria o risco à saúde pública, não foi confirmado “por nem um caso em concreto”. Segundo provas documentais, a retirada dos animais é ineficaz, uma vez que os carrapatos são uma espécie territorialista, e a retirada das capivaras da região proporcionaria, na verdade, a chegada de novos grupos.
Relembre
Desde 2014, as capivaras estão sendo retiradas da orla da lagoa da Pampulha. O manejo foi alvo de embate e, em 2015, o município ajuizou ação na Justiça Federal contra o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para que não fosse obrigada a soltar os animais capturados, que estavam em cativeiro no Parque Ecológico da Pampulha.
Na ocasião, a Prefeitura de Belo Horizonte alegou que havia grande risco para a saúde pública, “em razão da maioria das capivaras capturadas estarem contaminados pela bactéria Rickettsia rickettsii, responsável pela febre maculosa”. O Executivo também afirmou que os animais já chegaram a invadir a pista do aeroporto da Pampulha, além de estarem destruindo os jardins de Burle Marx, que fazem parte do Conjunto Arquitetônico da Lagoa da Pampulha.
A Justiça concedeu liminar proibindo o Ibama de soltar os animais. O órgão recorreu e o Ministério Público Federal emitiu laudo técnico veterinário da Fundação Zoo-Botânica, que comprova as péssimas condições em que as capivaras estavam submetidas.
Apesar de ter cumprido a medida, a administração municipal recorreu da decisão e um novo embate deve ocorrer nos tribunais.