Samarco pede licença para mover rejeitos da barragem de Fundão para duas cavas
A Samarco encaminhou à Superintendência Regional de Regularização Ambiental Central Metropolitana (Supram), vinculada à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad), nesta quarta-feira (24), pedido de licenciamento para a disposição de rejeitos remanescentes do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, Região Central de Minas. O pedido ocorre quase quatro meses após o maior desastre ambiental da história do país.
Dos cerca de 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro que estavam na barragem em 5 de novembro do ano passado, 32 milhões vazaram. De acordo com a Semad, a empresa, controlada pela Vale e a BHP Billiton, fez o pedido para colocar os rejeitos em duas cavas.
“A avaliação do pedido deverá considerar todas as discussões que a sociedade civil e os órgãos dos governos federal e estadual têm promovido desde o rompimento da barragem. Deve haver um entendimento de que a disposição dos rejeitos nessas duas cavas realmente é o melhor caminho e, principalmente, se não haverá nenhum outro prejuízo para o meio ambiente e para a população da região”, disse o subsecretário de Regularização Ambiental, Geraldo Abreu.
A mineradora pretende depositar a chamada substância fina na Alegria Sul. Já a arenosa, na cava da Germano. Desde 8 de novembro passado, as atividades minerárias da empresa estão embargadas pelo governo estadual. Diante do pedido da mineradora, a Supram determinou a realizaçaõ de “diversos estudos técnicos, que instruirão o processo, a fim de embasar a decisão do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) do licenciamento”.
Relembre
A lama de rejeitos de minério atingiu os rios Gualaxo do Norte, Carmo e Doce. A substância viajou mais de 600 quilômetros até chegar ao Atlântico. Pelo caminho, além de desabrigar mais de 300 famílias e destruir 1.469 hectares de matas ciliares, a lama matou 19 pessoas, dos quais dois corpos continuam desaparecidos.
Em razão das mortes, a Polícia Civil indiciou o diretor presidente licenciado da Samarco, Ricardo Vescovi, e outros cinco diretores e gerentes da empresa, todos licenciados, por homicídio qualificado. Um engenheiro da VogBR, responsável por atestar a segurança da estrutura de Fundão, também foi indiciado.
Os músicos Gabriel O Pensador e a banda Falamansa uniram o rap e o forró para lançar a canção “Cacimba de Mágoa” com o intuito de levantar fundos para as vítimas do desastre. Todo o dinheiro arrecadado com as visualizações do clipe será revertido em obras sociais comunitárias na região afetada. A canção também está disponível para download no Itunes. Com imagens aéreas, o videoclipe mostra toda a destruição causada pelo mar de lama, que dizimou os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo e provocou estragos até chegar à Vila de Regência, no Espírito Santo.
Rio Doce
A Samarco se comprometeu a desembolsar R$ 4,2 bilhões, até 2018, para recuperar o rio Doce e também indenizar as vítimas do maior desastre ambiental ocorrido no Brasil. De acordo com o colunista do jornal O Globo Lauro Jardim, a mineradora fechou acordo com vários órgãos federais para pagar R$ 2 bilhões ainda neste ano. Outros R$ 1,2 bilhão deverão ser depositados em 2017 e o restante no ano seguinte.
O documento será assinado em Brasília, na próxima segunda-feira (29). Ainda segundo Jardim, a verba complementar necessária para despoluir a bacia e compensar financeiramente os atingidos será definida posteriormente.