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Exposição de arsênio em Paracatu é menor que índices recomendados internacionalmente

Exposição de arsênio em Paracatu é menor que índices recomendados internacionalmente
Massimo Gasparon e Virginia Ciminelli apresentam resultados de estudo sobre a exposição de arsênio em Paracatu / Crédito: Marina Bhering/ Amda

Paracatu é sede da maior mina de ouro a céu aberto do mundo, a Mina Morro do Ouro. Mas sua proximidade com a área urbana do município é motivo de preocupação para moradores, autoridades e pesquisadores, que temem prejuízos gerados pela exposição do arsênio, metal descartado após o processo de extração do ouro e que pode causar diversos problemas de saúde. Diante da polêmica da contaminação, a mineradora Kinross apresentou, nesta segunda-feira (22), o resultado de um estudo de sete anos sobre a exposição do arsênio à saúde da população e ao meio ambiente.

A pesquisa foi desenvolvida sob a coordenação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Recursos Minerais, Água e Biodiversidade (INCT-Acqua,) em parceria com a Universidade de Queensland e o Centro de Toxicologia Ambiental da Universidade de Queensland (Entox), na Austrália. O estudo foi conduzido pelos professores Virginia Ciminelli, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Massimo Gasparon, da University of Queensland e Jack Ng, da Entox.

O estudo calculou a exposição da população de Paracatu ao arsênio com base nas principais rotas de exposição: ingestão (água, alimentos e poeira de solo) e inalação (partículas em suspensão). Os valores foram comparados à dose de referência BMDL 0,5 (Benchmark Dose Lower Limit), adotada para avaliação de risco à saúde humana pelo Comitê Especialista em Aditivos Alimentares (JECFA) da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização para Alimentação e Agricultura (FAO).

Os resultados apontaram que a quantidade de arsênio presente na água distribuída pela Copasa no município (0,2 microgramas por litro – µg/l) e poços (1,34 µg/l), nos solos das áreas próximas a mina (8,1 miligramas por quilo) e nos alimentos está abaixo dos valores-limite estipulados por padrões internacionais. A constatação também é válida para a poeira atmosférica.

Considerando todas as fontes, os pesquisadores concluíram que a exposição total ao arsênio em Paracatu está abaixo de 10% da dose de referência estabelecida pela OMS. A exposição da população do município à substância pode ser, então, considerada baixa. Já a contribuição máxima da mineração para a exposição ao arsênio é inferior à exposição natural via ingestão de alimentos e água. Esta exposição é 2,5% da dose de referência estabelecida pela OMS.