Humanidade está em dívida com o planeta
Nesta quinta-feira (13), a exploração humana ultrapassou a biocapacidade da Terra, ou seja, em oito meses, esgotamos todos os recursos que o planeta é capaz de oferecer de forma sustentável no período de um ano. Há 20 anos a Global Footprint faz o cálculo: com dados fornecidos pelas Nações Unidas, a ONG compara a pegada ecológica do homem – que mede a exploração dos recursos naturais do planeta pelo ser humano – com a capacidade da Terra de se regenerar, renovando os seus recursos e absorvendo os resíduos.
O chamado Overshoot Day ou Dia de Sobrecarga da Terra acontece cada vez mais cedo. Em 2005, o homem começava a explorar as reservas do planeta só a partir de setembro. Em 1975, os recursos renovados a cada ano terminavam apenas em novembro. Se continuarmos no ritmo atual, prevê o estudo, vamos consumir o equivalente a dois planetas até 2030, antecipando ainda mais o Dia da Sobrecarga para junho.
À medida em que aumenta o consumo, cresce a nossa dívida ecológica. Em termos planetários, os resultados dos juros que pagamos se tornam mais claros a cada dia. Eles se traduzem na perda de bens e serviços ambientais, desequilíbrio climático, redução de florestas, perda de biodiversidade, colapso de recursos pesqueiros, escassez de alimentos, redução da produtividade do solo e acúmulo de gás carbônico na atmosfera. Este último é uma preocupação constante por conta das mudanças climáticas. Os dados da GFN apontam que a quantidade de emissão de CO² compõe mais da metade da demanda sobre a natureza.
Mathis Wackernagel, presidente da Global Footprint Network, acredita que o “acordo global para excluir gradualmente os combustíveis fósseis, que está sendo discutido em todo o mundo antes da COP 21, em Paris, ajudaria significativamente a frear o crescimento da Pegada Ecológica e, eventualmente, contribuir para sua mitigação”.
Pegada Ecológica
Segundo a WWF, a pegada ecológica do Brasil é de 2,9 hectares globais por habitante, indicando que o consumo médio de recursos ecológicos do cidadão brasileiro é bem próximo da média mundial – 2,7 hectares globais por habitante. Isso significa que se todas as pessoas do planeta consumissem como o brasileiro, seria necessário 1,6 planeta para sustentar esse estilo de vida. A média mundial é de 1,5 planeta. Ou seja, estamos consumindo 50% além da capacidade anual do planeta.
Para evitar um colapso dos recursos naturais que são a nossa fonte de sobrevivência, precisamos avaliar e repensar nossos hábitos de consumo e adotar uma postura mais responsável, de forma que possamos viver de acordo com a capacidade ecológica do planeta.