Países se unem para combater crimes contra animais selvagens
Populações de elefantes em colapso em Moçambique e na Tanzânia e um número recorde de rinocerontes sendo mortos na África do Sul. Estes são exemplos do atual cenário alarmante de crimes contra a vida selvagem em todo o mundo. Em uma decisão histórica, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou, no dia 30 de julho, uma resolução que obriga todos os países a aumentar seus esforços coletivos para acabar com o problema mundial de caça ilegal e combater o grande comércio ilegal de animais silvestres. Recentemente, o brutal assassinato do leão Cecil, símbolo do Zimbábue, comoveu o mundo e gerou uma onda de indignação.
Segundo informações da WWF, a resolução Tackling the Illicit Trafficking in Wildlife (Combatendo o Tráfico Ilegal de Vida Selvagem, em inglês) é resultado de três anos de esforços diplomáticos e é a primeira vez que todas as nações reconheceram a seriedade dos crimes contra a vida selvagem e a necessidade urgente de unir forças para combatê-los. Gabão e Alemanha iniciaram o movimento, que recebeu apoio de outras nações.
Reconhecendo que apenas uma abordagem global pode conter a crise atual, todos os 193 países membros da ONU, inclusive o Brasil, concordaram em reforçar a cooperação regional e internacional ao longo de toda a cadeia de comércio ilegal de animais silvestres, incluindo medidas para deter a caça ilegal, o tráfico e a compra. “Esta resolução histórica prova que acabar com crimes contra a vida selvagem já não é apenas uma questão ambiental ou limitada a alguns países: tornou-se uma prioridade para todas as nações”, disse Marco Lambertini, diretor-geral do WWF Internacional.
A resolução da ONU enumera os efeitos de crimes ambientais de forma mais ampla, como prejuízos à boa governança, ao estado de direito e ao bem-estar das comunidades locais, além do financiamento a redes criminosas e conflitos armados. Junto com o fortalecimento dos processos judiciais e da aplicação da lei, a resolução encoraja os países a se envolverem ativamente com as comunidades locais na luta contra o comércio ilícito, reforçando os seus direitos e capacidade para gerenciar e se beneficiar dos recursos da vida selvagem.
Atraídos pelos riscos relativamente baixos e altos retornos, redes do crime organizado têm reforçado suas rotas dentro do comércio ilegal de animais silvestres, trazendo com elas métodos de caça e tráfico ilegal mais sofisticados – e com maior violência e corrupção. “Se os países implementarem plenamente a resolução, crimes contra a natureza se tornarão muito mais arriscados e muito menos gratificantes”, disse Elisabeth McLellan, chefe da Iniciativa de Crimes contra a Vida Selvagem do WWF Internacional.
O secretário-geral das Nações Unidas será encarregado, a partir de 2016, de apresentar um relatório anual sobre crimes globais contra a vida selvagem e a implementação da resolução pelos países, juntamente com recomendações para ações futuras. No ano que vem deve ser discutida a possível nomeação de um enviado especial para o tema.
Com informações da WWF
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