Rio 2016: locais de competição têm níveis alarmantes de poluição da água

Os níveis de contaminação da água em diversos locais em que acontecerão provas dos Jogos Olímpicos do próximo ano, no Rio de Janeiro, são assustadores. A investigação, conduzida pela Associated Press (AP), alerta que os atletas irão nadar e navegar em águas tão contaminadas com fezes humanas que correm o risco de ficarem doentes e incapazes de terminarem as competições. Foram analisadas a Marina da Glória na Baía de Guanabara, as praias de Copacabana e Ipanema e a Lagoa Rodrigo de Freitas.
“O que você tem aí é basicamente esgoto bruto”, disse John Griffith, biólogo marinho da Independent Southern California Coastal Water Research Project. Griffith examinou os protocolos, a metodologia e os resultados dos testes. “Toda a água dos banheiros e dos chuveiros e tudo o que as pessoas colocam para baixo em suas pias, tudo misturado, vai para fora nas águas de praia. Esses tipos de coisas seriam fechados imediatamente se encontrados aqui”, relatou.
A AP encomendou quatro rodadas de testes em cada um desses três locais de água Olímpicos, e também na praia de Ipanema, que é popular entre os turistas, mas não receberá eventos. Trinta e sete amostras foram verificadas para a análise de tipos de adenovírus humano, bem como rotavírus, enterovírus e coliformes fecais. O teste viral continuará no ano que vem. A pesquisa não encontrou nenhum local de água seguro para a natação ou provas de barco, de acordo com especialistas em recursos hídricos globais.
Ecobarreiras
Suspenso em março, o projeto das ecobarreiras para combater a poluição da Baía da Guanabara foi retomado pela Secretaria Estadual do Ambiente (SEA). A empresa Matos Teixeira Engenharia e Serviços venceu a licitação para implantação do novo projeto de retirada de lixo flutuante da baía. Ao todo serão 17 ecobarreiras, com estruturas fortes e um sistema mecânico de retirada do lixo acumulado. A meta é remover 95% do lixo flutuante que chega à baía.
Também faz parte do projeto o transporte do lixo retirado pelas ecobarreiras para aterros sanitários dos municípios responsáveis pela região. Segundo o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), as antigas estruturas retinham em média 4 mil toneladas de resíduos sólidos por ano. Com a instalação das novas ecobarreiras, que contarão com sistema de coleta, através de guindaste e caminhões de lixo, o recolhimento de lixo deverá ser mais eficaz.
Promessa antiga
Como parte de sua candidatura olímpica, o Brasil prometeu construir oito instalações de tratamento para filtrar a maior parte do esgoto e evitar o escoamento de toneladas de lixo doméstico para dentro da Baía de Guanabara. Apenas uma foi construída. Mesmo assim, o site do comitê organizador dos Jogos do Rio afirma que um legado-chave dos jogos será a reabilitação e proteção do meio ambiente da região.
Em 20 anos, os programas de despoluição da Baía de Guanabara já consumiram R$ 10 bilhões em empréstimos. E o governo diz que ainda precisa de mais 20 anos e pelo menos R$ 20 bilhões para recuperar toda a área. Desse total, R$ 13 bilhões poderiam ser gastos nos próximos cinco anos para melhorar um pouco a situação.