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Governo apresenta balanço do combate a incêndios florestais em audiência pública na ALMG

O programa de prevenção e combate a incêndios florestais nas unidades de conservação estaduais foi o tema de audiência pública realizada no último dia 20 pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O debate atendeu a requerimento dos deputados Cássio Soares (PSD), Inácio Franco (PV), respectivamente presidente e vice da comissão; Dilzon Melo (PTB) e Wander Borges (PSB). Entre os convidados estava o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Sávio Souza Cruz, que abriu a audiência reforçando a importância da recomposição das equipes de brigadistas nas áreas protegidas, que também têm um caráter de fiscalização.

Rodrigo Bueno Belo, diretor de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais da Secretaria de Meio Ambiente (Semad), apresentou dados e
traçou um panorama das expectativas para 2015. Segundo ele, apesar da preocupação inicial com a falta de chuvas em janeiro, o fato de as precipitações terem se estendido até maio indicam um período de estiagem mais otimista com relação à ocorrência de focos de incêndio.

O levantamento desses focos nos últimos cinco anos aponta uma preocupação maior em relação às regiões do Norte de Minas e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. “Felizmente são regiões menos povoadas, e a presença do homem está intimamente ligada aos incêndios florestais”, avaliou. Segundo o diretor do PrevIncêndio, em 2013 houve redução em cerca de 50% na área queimada, número que se manteve estável no ano passado, embora o número de ocorrências tenha aumentado em 115%, o que, de acordo com ele, indica uma melhora nas ações de combate a incêndios florestais.

A Área de Proteção Ambiental (APA) mais atingida em 2014 foi a de Pandeiros, no Norte de Minas, com cerca de 4,2 mil hectares. Contudo, isso representa apenas 1% da área total da reserva, a maior do Estado. “Algumas reservas são mais problemáticas devido ao relevo, que propicia maiores danos. É o caso da Serra do Rola Moça, que teve 1,9 mil hectares queimados no ano passado, mas com comprometimento de 82% da sua área”, comparou.

Investimento

O combate a incêndios florestais nas unidades de conservação mineiras pode ganhar um grande aliado com a aquisição da mais alta tecnologia atualmente em uso no mundo. Trata-se de um helicóptero de fabricação russa, com capacidade de armazenar 40 toneladas de água, que são lançadas com a ajuda de um canhão. As aeronaves em uso atualmente em Minas transportam, no máximo, três toneladas. O custo estimado é de 12 milhões de euros. De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Sávio Souza Cruz, estão em estudo alternativas para viabilizar a compra com a ajuda da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). Durante a audiência, foi proposto que haja comunicação com o Ministério da Fazenda e a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag). Também está sendo negociada a doação de dois helicópteros menores, modelo Bell, com capacidade de transportar 13 brigadistas, um dos equipamentos mais utilizados no combate a incêndios florestais.

“Nos primeiros 20 minutos, um incêndio é facilmente controlável com abafadores. A partir daí, a cada minuto, ele vai se complicando. Com uma hora, já é altamente complexo e oneroso, lembrando que algumas unidades de conservação em Minas só existem no papel”, afirmou Sávio. O principal entrave é o financeiro, já que todas as ações planejadas pela Semad têm custo estimado em R$ 31,7 milhões, diante de um orçamento previsto para 2015 em torno de R$ 11 milhões, por meio de multas, licenciamentos e compensações ambientais.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente lamentou as restrições financeiras a que a Semad está sujeita. “A situação orçamentária não é confortável, mas não podemos relegar a segundo plano algumas áreas estratégicas do estado em detrimento de outras”, destacou Cássio Soares. O parlamentar também criticou a distribuição de unidades dos bombeiros em Minas, que estaria muito aquém do número de municípios, deixando amplas áreas sem cobertura.

O deputado Dilzon Melo (PTB) mostrou descrédito com o planejamento da Semad para 2015. “Não são propostas para serem executadas neste ano. Se foram cumpridas ao longo de quatro anos, eu me dou por satisfeito. Mas pelo orçamento previsto, o meio ambiente não parece ser uma prioridade deste governo”, disse.

Com informações da ALMG