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Meta de despoluir Baía de Guanabara não deve ser cumprida

Meta de despoluir Baía de Guanabara não deve ser cumprida
Crédito: jornaldealagoas.com.br

De acordo com avaliação feita pelo professor Rogério Valle, coordenador do Laboratório de Sistemas Avançados de Gestão da Produção (Sage), a Baía de Guanabara poderá abrigar as competições de vela dos Jogos Olímpicos de 2016, mas o compromisso assumido durante o processo de candidatura do Rio de Janeiro só deverá ser alcançado a partir da implementação de um novo programa de despoluição, com prazo de dez anos. O Sage pertence ao Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ).

“Há um consenso que a Baía de Guanabara poderá, sim, abrigar as competições, mas o problema é que no dossiê de candidatura da cidade a sede dos Jogos Olímpicos, foi prometido que ela estaria limpa para os jogos. Seria um legado dos Jogos Olímpicos, já que é um investimento muito grande do Brasil inteiro. Isso, com certeza, não vai ser atingido para 2016, ainda que haja condições de disputar as competições de vela na baía, sem maiores problemas”, disse Valle.

O professor citou o exemplo de Sidney, que em 2004, também não havia despoluído sua baía, mas iniciou um programa de despoluição que, depois de dez anos, fez uma limpeza profunda na Baía de Sidney. No caso do Rio de Janeiro, ele disse que é preciso uma determinação política de criar um plano no período de dez anos, recupere a baía. “Nesses termos, nós poderemos falar que os Jogos Olímpicos terão deixado um legado importante para a cidade e o estado”.

Rogério Valle também indicou que foi criado um Comitê Gestor da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara na Secretaria Estadual do Ambiente, para rever o saneamento no estado. Para ele, o saneamento constitui parcela muito grande do problema de poluição da Baía de Guanabara. Reflete a situação urbana e social das pessoas que vivem no entorno da região. “No dia em que nós resolvermos todos os problemas sociais e urbanísticos do entorno da Baía de Guanabara, nós teremos resolvido o problema da baía. Porque as coisas andam juntas”.

“O que está em jogo, realmente, é o legado dos Jogos Olímpicos. Uma vez que não se vai cumprir o que foi prometido no momento da candidatura, o que se pode fazer é substituir a meta, dizendo que a baía terá condições, sim, de realizar as competições previstas, porém, o legado vai demorar mais um tempo. Mas ele virá. A prova disso é que temos um plano bem fundamentado, com apoio científico importante e que está sendo acompanhado pela sociedade”, acentuou.