Página inicialBlogEspeculação imobiliária ameaça represa que pode aliviar crise hídrica em São Paulo
Notícias
Especulação imobiliária ameaça represa que pode aliviar crise hídrica em São Paulo
Em meio à maior crise hídrica que atinge a Grande São Paulo, uma área de manancial com quase 1 milhão de metros quadrados está ameaçada pela especulação imobiliária. A prefeitura pretende construir, com o governo federal e estadual, 3.860 unidades habitacionais pelo programa Minha Casa Minha Vida. A área verde, conhecida como parque dos Búfalos, margeia a represa Billings, foco atual do governo paulistano para reduzir os impactos da crise d’água. O local é um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica em São Paulo.
Em dezembro de 2013, o prefeito Fernando Haddad revogou o decreto de utilidade pública da área verde. O decreto era um dos requisitos para a criação do parque dos Búfalos. Sem o decreto, abriu-se caminho para o projeto da prefeitura. Para tentar conter as obras e pressionar as autoridades, moradores, ativistas da causa ambiental e políticos fundaram o movimento Parque dos Búfalos Já que, além de organizar atos de resistência, já encaminhou a situação ao Ministério Público.
Os integrantes também criaram uma petição online em favor da criação do parque. O movimento afirma que “a demanda por moradias populares é legítima, mas a escolha do parque dos Búfalos para esse projeto vai trazer graves problemas para toda a cidade”, como a perda de um importante espaço de qualidade de vida numa região carente de espaços de lazer e cultura; destruição de uma das pouquíssimas áreas que restam de Mata Atlântica em São Paulo; e prejuízo à represa que abastece a cidade. “Serão mais de 190 prédios perfurando o lençol freático com suas obras de fundação. As chances das oito nascentes serem destruídas e poluídas são gigantes”, alerta o movimento. Além disso, a chegada de quase 15 mil pessoas na região agravará ainda mais os já existentes problemas de infraestrutura e escassez de serviços públicos.
O movimento Parque dos Búfalos Já sugeriu à prefeitura que as habitações sejam construídas em seis terrenos próximos de corredores de ônibus, escolas, do Hospital da Pedreira e do Shopping Interlagos. Segundo o texto da petição, muitos deles têm dívidas de IPTU maiores que seus valores venais e poderiam ser desapropriados. Além disso, possuem capacidade para construir mais que o dobro de unidades de habitação, ou seja, mais de 7 mil apartamentos.
No dia 22 de dezembro do ano passado, a construtora assinou acordo judicial paralisando as obras até final de fevereiro. Além disso, o movimento conseguiu que 21 vereadores assinassem ofício pedindo o tombamento da área pelo valor ambiental e cultural enviado ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo, que deverá ser analisado em fevereiro.
Assine a petição em favor do parque dos Búfalos! Ajude a preservar essa área que é essencial para a produção e conservação da água, para amenizar efeitos do clima, garantir qualidade de vida e bem-estar das pessoas.
Crise d’água
A represa Billings está no foco de atenção do governo paulistano. O governador Geraldo Alckmin disse que a represa poderá ajudar os sistemas Guarapiranga e Alto Tietê, que tem tido seus níveis reduzidos drasticamente desde que passaram a socorrer o sistema Cantareira.
O novo presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, admitiu que o manancial pode ser uma alternativa para a crise hídrica de São Paulo. Segundo ele, o reservatório, que tem capacidade para armazenar cerca de 600 bilhões de metros cúbicos, é uma opção para ser utilizada em caso de emergência. “A capacidade da Billings é dez vezes superior ao que está no Cantareira. Nós estamos abrindo todas as possibilidades e abertos a novas ideias”, comentou Kelman. Ele refere-se à segunda cota da reserva técnica do Cantareira, de 60 bilhões de litros.