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Minas Gerais ainda possui 258 lixões

Minas Gerais ainda possui 258 lixões
Renato Teixeira Brandão

Dos 853 municípios de Minas Gerais, 533 ainda dispõem seus resíduos sólidos urbanos em lixões ou aterros controlados. O dado foi apresentado por Renato Teixeira Brandão, diretor de Gestão de Resíduos da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), durante sua participação nesta terça-feira (25) na última Terça Ambiental deste ano. O evento teve como tema a erradicação dos lixões no estado.

Em agosto deste ano encerrou-se o prazo para que os municípios brasileiros se adequassem à Lei 12.305/2010, conhecida como Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A legislação determina que as cidades devem fazer a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, “resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada”.

No primeiro semestre de 2014, 60% da população mineira urbana dispunha seus resíduos em sistemas adequados e regularizados ambientalmente. Entretanto, a partir do 2º trimestre, mais de 50 municípios perderam a regularização ambiental. “Isto é um grande retrocesso. Ainda estamos muito longe da realidade da PNRS”, lamentou Brandão.

Segundo o diretor da Feam, Minas possui atualmente 258 lixões. Entre os problemas enfrentados pelos municípios para cumprir a legislação estão a falta de recursos humanos; dificuldade financeira, devido ao elevado custo de implantação e operação; dificuldade na venda do material oriundo da coleta seletiva (grandes distâncias e pequeno volume acumulado); e dificuldade em manter soluções sustentáveis a longo prazo – diversos municípios estão perdendo suas licenças ou Autorizações Ambientais de Funcionamento (AAFs).

“A questão não é apenas substituir o lixão por aterro sanitário ou UTC”, afirma Brandão. De acordo com ele, é preciso estabelecer planejamento a médio e longo prazos; buscar soluções compartilhadas; implantar ou ampliar a coleta seletiva; realizar a inclusão social dos catadores; e identificar os passivos. A PNRS determina ainda uma ordem de priorização e gerenciamento dos resíduos: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento de resíduos sólidos e dissociação final dos rejeitos.

Convênio firmado entre Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) resultou em um estudo técnico que propõe a divisão do estado em Arranjos Territoriais Ótimos (ATOs), como sugestão para o agrupamento em consórcios. Minas foi dividida em 51 ATOs.

Desde a conclusão do estudo, que aconteceu em 2010, diversos consórcios foram estabelecidos. Atualmente, seis estão formalmente instituídos e em operação, abrangendo 55 municípios. Outros 68 consórcios estão em fase de articulação e englobam mais 567 municípios mineiros. Conforme Brandão, um dos problemas enfrentados é a dificuldade política: “quando a proposta é apresentada na câmara, com sugestão de local mais adequado para implantação do lixão, o governante do município em questão não aceita que o lixão esteja em seu território”.

Confira a entrevista com Renato Teixeira Brandão.

A Terça Ambiental volta em março de 2015. Até lá!