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Um quilômetro do rio São Francisco está seco

Um quilômetro do rio São Francisco está seco
Um quilômetro do rio São Francisco está seco / Crédito: Leandro Couri/ EM

O alarmante cenário de seca da principal nascente do rio São Francisco, situada no Parque Nacional da Serra da Canastra, em São Roque de Minas, se alastra pelo leito do rio. Neste sábado (27), um grupo de autoridades, representantes de instituições de ensino e ambientalistas visitou o trecho afetado pela longa estiagem e que tem sido destruído por incêndios florestais e constatou que um quilômetro de extensão do Velho Chico secou.

Para Vicente Faria, analista ambiental do parque, a situação é inédita e preocupante. Segundo ele, a estiagem e os incêndios aceleraram o processo, pois a pouca água disponível foi utilizada no combate às chamas. Nos meses de agosto e setembro, houve mais oito queimadas no parque. Na última semana, outros quatro dias de labaredas atingiram a área do manancial, de acordo com o secretário de Meio Ambiente, Esporte, Lazer e Turismo de São Roque de Minas, André Picardi. Na última sexta-feira (26), a visitação à unidade de conservação foi suspensa e deve permanecer até 16 de outubro, se não chover.

“A situação é bem pior do que imaginávamos. Se não chover logo, o problema vai se agravar, pois verificamos, em muitos municípios, um quadro crítico, com lagoas, córregos e rios secando”, disse o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Afluentes do Alto São Francisco, formado por 29 cidades, e secretário de Meio Ambiente de Lagoa da Prata, Lessandro Gabriel da Costa.

A Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco, integrante do comitê federal do São Francisco, promoverá uma reunião nesta terça-feira (30), em Belo Horizonte, para propor medidas emergenciais, especialmente relacionadas ao abastecimento humano. “No Centro-Oeste, registramos falta de água em Arcos, Pará de Minas, Santo Antônio do Monte e Bom Despacho. No Norte, a questão envolve também prejuízos para o setor de turismo em Pirapora. Se não tivermos chuva, medidas eficazes e conscientização das comunidades, vamos ter racionamento e enfrentar uma séria escassez”, prevê Costa.

Outra ação diz respeito à outorga em toda a bacia. Conforme reportagem do jornal Estado de Minas, no período crítico de seca, grandes consumidores, que respondem por 90% do total do consumo de água (70% do agronegócio e 20% das indústrias), poderão ser obrigados a aderir ao racionamento, com pedido à Agência Nacional das Águas (ANA) e ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) para revisão das outorgas. A previsão é de que em menos de duas semanas esteja concluído o levantamento do volume de água dos usuários do agronegócio, indústrias e do Projeto Jaíba, no Norte de Minas, que usam volume acima de um metro cúbico de água por segundo.